Na mesa “Investigando a Copa de 2014 – Desafios e limitações da cobertura esportiva”, no congresso da Abraji [Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo], falaram Maurício Stycer e Paulo Vinícius Coelho, o PVC. Ambos foram da equipe fundadora do diário Lance!

Atualmente Stycer – autor do livro “História do Lance! Projeto e prática do jornalismo esportivo” – é repórter especial do portal IG. Paulo Vinícius Coelho é chefe de reportagem da ESPN Brasil.

Em sua palestra, Stycer fez um histórico do jornalismo esportivo no Brasil, a partir das pesquisas que fez para o seu livro.

 Disse que a matéria-prima do jornalismo esportivo, principalmente o futebol, “é a paixão e não a razão”. “O que interessa é o resultado do jogo: a vitória ou a derrota”. E que, por isso, outros aspectos, também importantes, ficariam em segundo plano.

Para concluir, listou os cinco problemas – na visão de diversos autores – que dificultam o trabalho do jornalismo esportivo no Brasil.

1 – Falta de interesse veículos de comunicação, que preferem ver esporte como diversão e paixão – e não como um ramo do jornalismo.

2 – Pressão dos anunciantes sobre veículos de comunicação.

3 – Perfil dos jornalistas esportivos, que precisariam de mais qualificação – e também vêem o esporte como “paixão”.

4 – Falta de disposição dos jornais em investir investigação jornalística.

5 – Relações suspeitas entre alguns jornalistas e dirigentes de clubes.

Stycer alerta que alguns desses problemas são comuns ao jornalismo de modo geral.

Para Paulo Vinícius Coelho, a imprensa esportiva não está “aquém” das outras editorias no que se refere à investigação jornalística.

Afirma também que não basta “falar” sobre corrupção, mas é preciso “fazer a matéria” [isto é, provar com dados]. Para ele, jornalista “tem medo de parecer ingênuo, mas não tem medo de ser leviano”. “O que me incomoda é que se parte da premissa de que todo mundo é pilantra”.

Sobre a Copa de 2014, ele disse que se deve prestar atenção na construção e reformas de estádios, que serão feitos – em grande parte – com recursos públicos, principalmente de estados e municípios. “A matéria está na construção de estádios”, disse ele.