Esqueçam Ciro Gomes e José Serra. O político que poderá provocar abalo na candidatura petista de Dilma Roussef – que já nasce forte pelo apoio do presidente Lula – chama-se Marina Silva.
Ainda no PT, a senadora Marina Silva parece cada vez mais inclinada a lançar a sua candidatura pelo PV. Já avisou aliados que eles não precisam acompanhá-la no seu novo projeto.
Ela quer usar sua candidatura como “estratégia da economia verde”. Para ela, a eleição não é “um fim em si mesma”.
“Se existe alguém que não começou tendo a eleição como um fim em si mesma somos nós numa trajetória de 30 anos no PT. Tivemos que perder muitas vezes para que se pudesse ganhar. […] Então a questão não é meramente eleitoral, mas do movimento que se pode colocar em curso. Essa é a reflexão que estou fazendo. […] As pessoas sempre acham que qualquer movimento que se faz é para ser contra alguma coisa. Meio ambiente reelabora a política porque é o movimento que se pode fazer a favor. Ser a favor da proteção das florestas é bom para todo mundo, assim como ser a favor da redução das emissões de carbono, de uma agricultura que seja sustentável, o que é bom para a própria agricultura e para a balança comercial. Essa interpretação de que a política só se faz pela negação está sendo reposicionada pelo meio ambiente. É possível fazer política pela a afirmação, para criação daquilo que ainda não existe em país nenhum. O Brasil, por ter as melhores capacidades, pode fazer essa inflexão. É isso que mobiliza”.
A propósito, a candidatura de Marina, se vingar, deixará ainda mais apagada outra mulher que pretende ser candidata: Heloísa Helena, do Psol. Mas será algo inédito ver três mulheres disputando o mais algo cargo público no Brasil.
Digo que a candidatura de Marina será um osso duro de roer para a coligação governista, tanto pelo que representa a sua história pessoal, de mulher pobre que superou todos os obstáculos para chegar onde chegou [lembram-lhes alguém?]; pela sua figura fisicamente frágil, mas de vontade inquebrantável – e pelo que ela representa politicamente.
Ela deverá atrair uma leva de petistas desencantados com os rumos do governo, como também os desiludidos com a esculhambação que se vê no Senado, com o PT fazendo dobradinha com figuras que sempre foram vilipendiadas pelo partido.
As hostes do PT até agora mais ou menos tranquilas com a eleição presidencial, cujo único problema para resolver no interior da coligação parecia ser Ciro Gomes, tem agora uma pedreira pela frente.
[Com informações do “Blog da Amazônia”, de Altino Machado: uma entrevista com a senadora e um texto sobre a passagem dela por Rio Branco (AC), onde foi falar com aliados sobre sua possível saída do PT para se candidatar à Presidência da República pelo PV, aqui.]
Sem dúvida alguma a idéia de termos treis mulheres seria muito boa para o exercício da política no Brasil, inclusive por cumprir um papel pedagógico importante, como estímulo à participação… Agora do ponto de vista político e histórico, fica um pouco esquisito, pois a vinculação da Senadora Marina, que tem a história marcada pela luta contra a devastação do meio ambiente, ao PV siginifica conviver com políticos como Sarney Filho, cuja história pela defesa do meio ambiente não se sabe muito. Além do mais…
“As pessoas sempre acham que qualquer movimento que se faz é para ser contra alguma coisa.”
Em se confirmando, a atitude pode até não ser diretamente contra alguma coisa, mas indiretamente (no mínimo) pode trazer muita divisão.
Mas Marina não poderia propor o diálogo? Ao serem lançadas as candidaturas, ela poderia simplesmente tender para qualquer uma delas, conforme se identificasse com a plataforma proposta para o tema meio ambiente.
Feliz cada novo dia…
o plínio agora tá dando uma de irmã jurema, é?
ou esse é o tal de jornalismo de prateleira?