O “sumiço” de Belchior, anunciado com estardalhaço pelo programa Fantástico, da Rede Globo, parece se assemelhar, cada vez mais, com um episódio ocorrido com o  “Notícias Populares” o mais conhecido dos jornais “espreme que sai sangue” que já circularam no Brasil.

Em 1968, Roberto Carlos era o “rei da juventude” a apresentava um programa na Record. Um dia um repórter liga para lá e pergunta sobre o o cantor; alguém da TV diz que não sabe onde ele está.

Bastou para o NP sair com a manchete: “Desapareceu Roberto Carlos “. Centenas de “fãs” cercam o prédio do jornal exigindo mais informações. A Record exige o desmentido, o jornal – ignora e põe o jornal na rua com nova manchete: “Acharam Roberto Carlos”.

Ou é isso ou um golpe publicitário ou muita falta de apuração jornalística. Ou tudo junto.

Pois vejam o informe distribuído pela assessoria de Imprensa do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), com o título “Paralelas: pistas do paradeiro de Belchior”:

«Em 28 de agosto de 2007, o cantor e compositor Belchior concedeu entrevista musical, aberta ao público, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza, dentro do programa Nomes do Nordeste, quando compartilhou sua história de vida e descreveu sua trajetória artística (conforme texto anexo).

Nessa entrevista, Belchior falou sobre os projetos artísticos em andamento. Ele revelou ter iniciado a exaustiva façanha de traduzir o poema épico e teológico “A divina comédia”, de Dante Alighieri (1265-1321), considerado até hoje o maior poeta italiano. Para se ter uma idéia da proeza estética enfrentada pelo artista cearense, o poema tem nada menos que 14.233 versos a serem vertidos para o Português. “A divina comédia” é a fonte original mais acessível para a cosmovisão medieval, que dividia o Universo em esferas geocêntricas, dividindo a Terra e o Céu pela órbita lunar. (Coincidentemente, Belchior é autor de uma canção intitulada “Divina comédia humana”, gravada em 1978, como faixa de abertura do disco “Todos os sentidos”).

Paralelamente, ele afirmou estar preparando um CD que incluirá músicas com diversos parceiros, além de uma caixa com três DVDs, trazendo uma completa retrospectiva sobre sua vida e obra. Enfim, será um documentário com tratamento cinematográfico apurado, abrangendo imagens de espetáculos e entrevistas realizadas, material musical inédito e depoimentos de amigos, parceiros, pesquisadores e fãs.

Essas duas informações foram publicadas na matéria intitulada “Belchior em quatro tempos”, veiculada na revista Conterrâneos (edição nº 8 – setembro/outubro 2007) – editada pelo Banco do Nordeste com periodicidade bimestral, tiragem de sete mil exemplares e distribuição com os funcionários do BNB.

Talvez o sumiço de Belchior – divulgado ontem (domingo, 23) pelo programa Fantástico, da TV Globo – possa estar relacionado à imersão total nesses dois projetos, principalmente no primeiro.»