O blog Radar Online divulgou que a Globo emitiu, ontem à noite, comunicado restringndo o uso das mídias sociais – blog, Twitter, facebook, orkut e outros – por seus contratados.

Ficaram proibidas “a divulgação ou comentários sobre temas direta ou indiretamente relacionados às atividades ligadas à Globo; ao mercado de mídia ou qualquer outra informação e conteúdo obtidos em razão do relacionamento com a Globo”.

A emissora também informou que essas ferramentas somente poderão ser mantidas em veículos do grupo. Se algum contrata quiser ter, por exemplo, um blog, sem estar vinculado à emissora, terá de pedir autorização. Na prática, os contratados da Globo ficam proibidos de usar o microblog Twitter ou blogs que não estejam no guarda-chuva dos veículos da emissora.

Segundo o comunicado da Globo, o objetivo é proteger seus “conteúdos da exploração indevida por terceiros, assim como preservar seus princípios e valores”.

Folha de S. Paulo

A Globo é o segundo grande meio de comunicação a tomar tal atitude. O blog Toledol, de José Roberto Toledo, já divulgara  na quinta-feira [10/9/2009], que circular do jornal Folha de S. Paulo estabelecera regras bastante rígidas para jornalistas da casa que mantêm blogs, participam de redes sociais na internet, ou do Twitter.

A íntegra do comunicado da Folha, assinado pela editora-executiva Eleonora de Lucena, é o seguinte:

«Os profissionais que mantêm blogs ou são participantes de redes sociais e/ou do twitter devem lembrar que: a) representam a Folha nessas plataformas, portanto devem sempre seguir os princípios do projeto editorial, evitando assumir campanhas e posicionamentos partidários; b) não devem colocar na rede os conteúdos de colunas e reportagens exclusivas. Esses são reservados apenas para os leitores da Folha e assinantes do UOL. Eventualmente blogs podem fazer rápida menção para texto publicado no jornal, com remissão para a versão eletrônica da Folha.»

Ou seja, os jornalistas ficam proibidos de publicar “furos”, aparentemente, mesmo depois que o jornal os tenha divulgado, podendo, no máximo fazer a remissão ao texto original. [Aqui o jogo é perdido; será impossível controlar a divulgação de um conteúdo exclusivo – se o jornalista da Folha não o fizer, alguém fará.]

Como anota Toledo, a possibilidade de o jornalista escrever e publicar com rapidez em outro veículo [a internet] e não exclusivamente naquele no qual é empregado, “criou uma situação inédita e um potencial conflito de interesses entre o jornalista e o veículo para o qual trabalha. Ambos competem, de certo modo, pela atenção do público e pela primazia de informá-lo”.

Toledo levanta outras questões bastante pertinentes:

1. Onde termina a pessoa jurídica e onde começa a pessoa física do jornalista?

2. O repórter deve tuitar em caráter pessoal durante uma cobertura para seu veículo?

3. Se um jornalista apura informação exclusiva fora do seu horário de trabalho, essa notícia pertence a ele ou ao veículo para o qual trabalha?

4. Teria sido possível ao jornalista obter esse “furo” sem ter o respaldo institucional e o prestígio do veículo para o qual trabalha?

5. Os editores devem editar os posts dos repórteres?

6. Ao pagar o salário do jornalista, o veículo é dono de toda a sua produção intelectual e pode dispor sobre sua veiculação?

No blog Toledol, há uma enquete sobre o assunto.

E você, que é jornalista, aceitaria as regras determinadas pela Folha; aceitaria submeter seus posts em redes sociais, blog ou Twitter ao seu editor?