Na edição de hoje do O POVO publico a artigo abaixo, tem sobre o qual já tratei em outra postagem.

Liberdade para humilhar

O POVO voltou a abordar, na edição de ontem, a transferência de três delegados da Polícia Civil por descumprirem ordens do secretário da Segurança Pública, Roberto Monteiro, quanto à exposição de presos. A prática abjeta ficou conhecida como “apresentação de presos”, com alguns delegados exibindo detidos, de forma humilhante, a “jornalistas” de programas policiais.

Obviamente, à “apresentação” somente eram submetidos os desvalidos de advogados e de outros recursos.

Pois os exploradores desses programas estão agora acusando Monteiro de atentar contra a “liberdade de imprensa” ao impor limites à prática degradante e claramente inconstitucional. A preocupação deles é nenhuma com a liberdade de imprensa – cuja medida do secretário não ameaça de maneira alguma –, mas com a luta insana por alguns pontinhos a mais no Ibope.

Ganham também, alguns desses “jornalistas” e policiais, vistosos mandatos parlamentares à custa de tripudiar sobre as tragédias e a miséria alheia. É isso que eles não querem perder. A “bancada da bala”, na Câmara e na Assembleia Legislativa, é ativa e ousada na defesa de seus próprios interesses.

Difícil de entender é o comportamento da OAB-CE, que condenou seguidamente a prática, mas negaceou quando foi preciso apoiar medidas concretas. O presidente Hélio Leitão disse não ter pedido “solução, tampouco punição para os delegados” [O POVO, 24/9/2009]. Na edição de domingo, continuou evasivo quanto às medidas punitivas, afirmando desconhecer os “antecedentes” do episódio.

A Câmara Municipal chegou a aprovar “moção de protesto” contra o secretário Roberto Monteiro [O POVO, 25/9/2009]. O vereador João Alfredo (Psol), conhecido defensor dos direitos humanos, deu a seguinte declaração: “Conheço o delegado César Wagner [um dos punidos] e sempre tive [dele] as melhores referências”.

Visto assim, aqueles que agora procuram se distanciar da medida da Secretaria da Segurança ou sabem mais do que dizem sobre a crise; ou se valem de discursos, mas recuam quando medidas concretas e duras são tomadas para sanar o problema.