Estilo inglês, italiano, francês, grego e o prédio de Gaudí

Estilo inglês, italiano, francês, grego, o prédio de Gaudí e o jardim ao modo russo

Euro - GréciaA Europa está em Santanta do Cariri, mais precisamente em uma localidade chamada Araporanga, na Chapada do Araripe. Se não é toda a Europa, pelo menos um cadinho dela, reproduzida na fazenda de José Pereira, conhecido como Zé Pereira.

Cheguei a ele depois de uma conversa, em Juazeiro do Norte, com Romão França, radialista e conhecedor da região. Cheguei  à casa de Zé Pereira acompanhado de Tarso Araújo, titular da coluna Cariri, do jornal O POVO.

No terreno encravado ao pé dos morros tão comuns na região da chapada se pode ver uma casa ao estilo inglês, uma em estilo italiano, uma réplica grega, uma ao modo francês, um prédio copiado do famoso arquiteto catalão Antoni Gaudí, um castelo fortificado português e uma ponte suíça que passar por um belo lago.

Na entrada um jardim copiado de um palácio russo, no começo um moinho de vento holandês, ao fundo uma torre Eiffel, de 32 metros de altura, no meio, um teatro ao ar livre, ao estilo grego.

Réplicas

Mas como surgiu a idéia de fazer as réplicas européias? Quem conta é o próprio Zé Pereira, professor aposentado da Faculdade de Odontologia da UFC [Universidade Federal do Ceará], atual cuidador e construtor das obras que prosseguem.

De uma família de 12 irmãos, ele diz que o mais novo deles, Francimar, seguiu para estudar na Europa, em plena efervescência dos anos de 1960. Formou-se urbanista, trabalhou na Europa durante muito tempo e morava em Paris, mas sempre estava no Brasil.

Quando surgiu a idéia de construir uma casa para cada um dos irmãos nas terras da família, Francimar sugeriu que cada um deles – todos eles conheciam a Europa – escolhessem “cartões postais” do Velho Continente, que ele se encarregaria de reproduzi-las, fazendo as réplicas em escala.

Francimar acompanhou a construção das réplicas até a sua morte, há cerca de dois anos. Zé Pereira diz que ele era de um perfeccionismo extremo, e que escolheu a cor da cerâmica do prédio grego na UTI, recuperando-se de um infarto.

Com a morte de Francimar, Zé Pereira assumiu a responsabilidade de continuar a obra, que ele diz agora ser uma homenagem ao irmão. Durante a conversa ela fala da dificuldade de se conseguir material e de encontrar mão-de-obra que possa executá-lo. Ele diz que, ao procurar um pedreiro, este lhe disse: “Hôme, se for esse negócio de Gaudí nem me chame”.

Mas por que fazer réplica e nãos construções mais de acordo com as tradições do local? Ele diz que isso se pode ver normalmente na região, e que o “espaço temático” dá a oportunidade às pessoas de terem contato com uma estética diferente, “o que pode levar as pessoas a terem interesse por outras culturas”.

Hotel

Pergunto, então, se existe o plano de instalar um hotel, abrir um restaurante, etc. Ele diz que pensa em fazer isso.

Intelectual que discorre sobre arte e estilos arquitetônicos, pesquisador da história da região – brevemente vai lançar um livro romanceado contando a história de Santana do Cariri – Zé Pereira mantém a tradição dos sertanejos acolhedores e bons de prosa: ele fez questão que nos acompanhar à visita da cidade, e vai nos contando várias histórias, entusiasmando-se com cada coisa que nos mostrava, com cada pergunta que lhe fazíamos.

A propósito, Zé Pereira é irmão de Iranildo Pereira, ex-deputado federal, dele foi a ideia da casa grega.

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Veja mais fotos.

Zé Pereira me mostra a cúpula de Gaudí, construída em ferrocimento

Zé Pereira me mostra a cúpula de Gaudí, construída em ferrocimento, ao fundo a vegetação nativa e a Chapada do Araripe

Euro Ingl. Eiffel