No post Cid Gomes faz ofensiva para construir estaleiro no Titanzinho levantei a seguinte questão: haverá dificuldade para aqueles que defendem que o estaleiro deve ser construído fora da área urbana de Fortaleza se tiverem que enfrentar o debate de mãos vazias. Isto é, sem um projeto para contrapor ao estaleiro, que tem preço, prazo e objetivos – goste-se dele ou não. E, a meu ver, a construção de um estaleiro na área seria completamente inadequado.

Conversa

Há uma conversa – rolando há bastante tempo – afirmando que a Prefeitura teria um projeto para o Titanzinho, de modo a acomodar a vocação do bairro em se valer do mar, aliando a isso a urbanização do lugar, a criação de oportunidade de trabalho, renda e moradia digna para os habitantes do Serviluz.

Um projeto dessa evergadura não nasce do dia para a noite, portanto era de se supor que a Prefeitura estivesse investindo em sua preparação e fontes de financiamento. Pois o Serviluz e suas precárias condições estão ali muito antes de se, ao menos, pensar em estaleiro.

Mais eis que, ao surgir Luizianne Lins para acudir o rebuliço que o governador Cid Gomes provocou com a sua pressa em viabalizar o estaleiro no Titanzinho – inclusive atropelando as férias da chefe do Executivo municipal -, ela pouco conseguir dizer além da momentosa frase: “A cidade tem prefeita”. Ok, e já está no segundo mandato.

Qual é o projeto mesmo?

No mais, o que a prefeita apresentou como “projeto” para o Serviluz, seria risível, não fosse patético.  Segundo matéria publicada pelo O POVO, a prefeita estaria “trabalhando em duas frentes” para oferecer alternativa ao estaleiro.

A primeira “compensar” os 1,2 mil empregos que seriam criados com o estaleiro. Segundo registrou a matéria, a prefeitra estaria negociando com a empresa têxtil Guararapes para que sua filial na Barra do Ceará seja ampliada, gerando 1,5 mil postos de trabalhos. Desse total, mil seriam direcionados para os moradores do Titanzinho, que teriam transporte de ida e volta. Ora, isso não é “compensação” de modo algum: a alternativa tem de ser criada no próprio bairro. Se a prefeita tem esses mil empregos, que benefie os trabalhadores da prórpia Barra do Ceará, que também devem estar precisando. Os outros 200 empregos poderiam ser viabilizados com a criação de um “parque turístico” no Serviluz

Segundo a matéria a “outra tática” seria “acelerar um projeto de revitalização” [eita palavrinha desgastada, serve pra tudo]  para o bairro Serviluz, batizado de “Aldeia da Praia”. “Nós vamos avançar para criar o parque de contemplação, um parque marítimo naquela região, que é muito preciosa pra virar um estaleiro”.

Quem explica?

1. Gostaria de saber em que pé está essa “negociação” com a Guararapes Confecções.

2. Ainda que existindo esses empregos não parece algo razoável fazer mil trabalhadores vararem a cidade todo dia, indo e voltando – do Serviluz à Barra do Ceará -, o que daria uma viagem de cerca de 40 km por dia, no trânsito infernal de Fortaleza. É algo que tende a não dar certo.

3. Eu não entendo muito de turismo, mas parece que um projeto bem pensado para aquela área criaria muito mais do que meros 200 empregos.

4. “Parque de Contemplação”?: o que seria exatamente isso? Ao que me parece os espaços à beira mar, já são, por sua própria natureza, espaço de “contemplação”.

5. Parque marítimo? Será que é para concorrer com o Acquário [assim mesmo, com o cezinho intrometido] que o governador vai construir ao lado da Ponte Metálica? Se assim for, não teremos apenas “maior aquário da América Latina”, teremos dois.

6. Se não houvesse o projeto do estaleiro esse “projeto” da Prefeitura seria ao menos um dia apresentado, ou surgiu apenas para “compensar” os empregos que o estaleiro promete criar?