Devido a uma postagem que aqui fiz Canoa Quebrada: de paraíso a inferno, mantive uma conversa – via comentários no post – com Paolo Limauro, um italiano que escolheu praia a de Aracati para morar.
Agora ele me escreve, dizendo se considerar “um residente deste belo país”, manifestando sua “sensibilidade com o ambiente e a natureza”.
Para ele, “o verdadeiro problema da Canoa é a absoluta falta de respeito com as dunas e falésias”.
Manda algumas fotos que tirou em um voo de parapente, mostrando, segundo ele que “as falésias estão praticamente em ruínas”.
Paolo diz ter mandado as mesmas fotos para um amigo dele, geólogo na Itália, que teria diagnosticado que “problemas de vibração” estariam destruindo as falésias. Ou seja, as falésias estariam desmoronando devido à circulação contínua de veículos sobre elas – e não por causa da erosão natural, provocada pela chuvas, ventos e marés.
Ele pede para prestar atenção no grande número de bugues sobre as falésias [foto acima], dizendo que “centenas deles” circulam todos os dias para levar “turistas preguiçosos” a passeios, que, sugere o texto, poderiam ser feitos a pé.
E complementa dizendo que as pessoas não percebem que não se pode “recriar” as falésias, e que considera a “singularidade de sua paisagem” como “a única riqueza” de Canoa Quebrada.
Comentário
Estão aí os argumentos de Paolo. Quanto ao suposto ou possível desmoronamento das falésias, não tenho como opinar se isso está acontecendo e – se estiver – se é causado pela circulação intensa de veículos.
Se alguém entender do assunto e quiser opinar, a vontade.
Veja mais fotos.
E se alguém não for especialista, também pode opinar? Com efeito, Plínio, somente um estudo científico poderia afirmar se o desmoronamento das falésias se deve ao trânsito de veículos sobre elas, que podem ter um peso e atrito desprezível se considerado ao volume do sólido. Numa reflexão grosseira, todavia, pode-se pensar realmente que peso sobre areia, argila e algum outro componente ali presente tende a provocar algum tipo de erosão. Mas daí fica-se a pensar se esta mesma erosão não ocorreria naturalmente, com vento, chuva e tudo o mais. E, claro, podemos partir para outros questionamentos, como se seria o caso de banir os veículos automotores de dunas e falésias, acabando com o atrativo turístico Passeio de Buggy, fonte de renda para nativos. Até porque suponho que passeios a pé pelas dunas, embora fantásticos, não são muito indicados para adolescentes sedentários ou senhores e senhoras em sobrepreso… Como já ouvi um jurista falar, a questão do meio ambiente é uma guerra sem fim.
Caro Felipe,
Todos os argumentos, sejam de especialistas ou não, são bem-vindos neste blog.
Agradeço,
Plínio
Infelizmente o turismo saudável esbarra sempre na força do capital. Em quase todos os lugares do mundo. Não só em Canoa-Quebrada. Tentar equilibrar os aspectos ambientais, sociais, culturais, com a atividade turística é uma tarefa dificílima. O meio ambiente possui uma relação estreita com o turismo, é como a matéria prima da atividade. E, geralmente a atividade vem camuflada só pelo aspecto econômico. O Turismo sempre é mostrado como salvador dos lugares e das pessoas. Porém, não existe só o lado positivo, os danos são muitos e muitas vezes irreversíveis. Geralmente o turismo só beneficia os empresários. Comunidades são descaracterizadas, altera a rotina de vida dos nativos, a prostituição chega junto com as drogas, aumenta a produção do lixo, poluição das águas e do ar, entre outros. É preciso ação, pessoas comprometidas. Relação Turismo/meio ambiente é uma equação bem complexa. A receita é planejamento, sensibilização de todos e capacitação. O Sr. Paolo, tem razão em vários aspectos, só não concordo com os “turistas preguiçosos”. Canoa-Quebrada é sempre vendida por operadoras e agências assim: “Duração: Dia Inteiro. Saída prevista às 7h30.”. Excursão de um dia. A praia de Canoa não é um lugar onde as pessoas se locomovam favoravelmente, principalmente a terceira idade, ou qualquer pessoa que tenha problema de locomoção e também as crianças. Isso não é dito ao turista, exatamente para vender o passeio de bugue, já que tudo é comissionado no turismo. São os descaminhos da atividade. A mudança de hábitos e atitudes com o turismo é necessária e urgente.
Segue um estudo do Professor Jeovah Meireles muito pertinente ao assunto: http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/CONF_SIMP/textos/antoniomeireles.htm
Se todos que se arriscassem a opinar fossem somente ‘especialistas em algo’ certamente o meio ambiente estaria cada vez mais acabado visto que, a maioria dos que conheço (com raras exceções) realmente tratam do assunto com a seriedade que deviam. Especialistas que trabalham vinculados a empresas estatais e/ou privadas que exploram o turismo sempre puxarão a brasa para sua sardinha. aqui em Aracati por exemplo; a CAGECE contratou uma assistente social para ‘enganar’ os moradores que sofrem com o desastre que uma empresa de naneamento está causando no municipio e nessas reuniões se fala sobre economia dágua, não prender ou matar animais, não desmatar, não queimar etc. Mas é justamente essas duas (Empresa e Cagece) que mais agridem ou deixam agredir a natureza.
Voltando ao assunto. Qualquer tipo de veiculo ou construções (até mesmo eólica- energia limpa), sobre dunas degradrão sempre nosso meio ambiente e nesse caso as dunas, falésias, lagoas naturais etc.
Grato pela compreensão e parabéns pela matéria. A foto ficou shou e irei reproduzir em meu blog http://www.aracatiemfoco.blogspot.com
Plínio,é sempre assim, tanto faz canoa quebrada, furada ou não sei o quê e de não sei onde, o turismo é, em termos planetários, uma guerra vulgar movida contra as pessoas, a paisagem e o sossego, transforma, à curto prazo, paraisos em infernos barulhentos e mal cheirosos…e, o pior, popular é o mesmo que ocupar o espaço pelo arrasamento…Qual a saída, então? Saudações da pARTE do Hélio Rôla
Todos os carros que andam em dunas e falésias as destroem, alias, os bugs são mais leves se comparados aos fora de estrada, que deveriam ser incluidos em sua matéria. Mas como o editor aí do lado tem um destes 4×4, melhor atacar os bugs que na maioria das vezes, são dirigidos por ex-pedreiros ou pescadores, vitimas desta politica capitalista que precisamos mudar.
Olá sou empresario no ramo da hotelaria, e de fato os buggys de canoa quebrada é uma grande mazela da praia, pois nosso destino tem sofrido com, monopólio, formação de cartel sobre as dunas, se tornou um patrimônio privado de 66 bugueiros , nosso prefeito não toma nenhuma providencia na questão, pois o prefeito só ver votos, foram criadas leis que feri nossa tão sagrada constituição, vários empresários que juntos investirão centenas de milhões, tem obtido enormes prejuízos pois o destino canoa quebrada, nos últimos 06 anos só tem saído em paginas policias em referência de buggys em disputa territorial, sendo assim causando uma mau impressão sobre canoa quebrada.