Do leitor Luis Ernesto Arruda Bezerra recebi o e-mail abaixo, que torno público com a autorização do autor. Vamos ver se alguém da AMC ou do Dragão do Mar está disposto a dar alguma explicação.
«Me chamo Luis Ernesto e sou um frequentador assíduo do seu blog. A algum tempo, queria lhe mandar umas fotos para a sua seção “Fortaleza, terra de ninguém”, mas com a correria do dia-a-dia, fui adiando.
Contudo, vendo hoje [edição de 5/3/2010] a matéria de capa do jornal O POVO, onde lê-se que o trânsito da nossa cidade esta cada vez mais caótico, com carros demais, vias de menos e escassez de estacionamento, resolvi lhe mandar esse e-mail.
A questão é a seguinte: há uns meses atrás, ao chegar ao dragão do mar, percebi que, onde antes ficavam as pessoas com seus famigerados carros de som, exibindo seu péssimo gosto musical (em frente ao bar do avião), hoje existem cones, carros da AMC e, mais surpreendente, placas onde se lê que é proibido estacionar das 19:00 às 6:00. Posso estar enganado, mas em que lugar do mundo é proibido estacionar nesse período e, principalmente, em torno de um equipamento cultural que funciona, prioritariamente, durante a noite, e onde já existe escassez de estacionamento??
As vagas são perpendiculares (45 graus), demarcadas com pinturas no chão e não atrapalham a circulação de veículos. Assim, penso que essa medida foi tomada para impedir a farra dos carros de som. Então eu pergunto: isso não é usar bala de canhão para matar formiga?? Coibir a poluição sonora proibindo o estacionamento em uma área criada para esse fim, e no entorno de um equipamento cultural onde já existe escassez de vagas.
É a Fortaleza terra de ninguem…um semáforo sob um viaduto, semáforos em uma rotatória e, agora, placas de proibido estacionar das 19:00h as 6:00h em vagas criadas para acesso ao equipamento cultural que tem a maior parte das suas atividades justamente nesse período.
Como diz o outro, durma-se (ou estacione) com (ou sem) um barulho desses.»
Sinceramente, vejo a coisa de outra forma. Acho que o estacionamento proibido naquele local ajudou na fluidez do trânsito, além de cumprir sim, com o papel de acabar com os paredões de som e os “carrinhos de cerveja e cachorro-quente”.
A verdade é que está impraticável frequentar o Dragão e seu entorno. Tanto pela falta de estacionamento e fluidez no tráfego quanto pela pura e simples falta de opções e mesmice daquele equipamento. O que deveria ser um ponto de encontro dos amantes da cultura virou point para beberrões e menores cachaceiros. Além de tudo, gente feia no meio da canela. É nisso que dá a carência de espaços como aquele: todo mundo só vai para lá. Menos eu.
Luis Ernesto, concordo com sua observação. A rua é bastante larga para permitir que carros sem som fiquem estacionados. Como frequentador do DM também fiquei supreso. Tentei encontrar a lógica da ação, mas não consegui. Fechei a questão na visão que como o problema ganhou visão nacional, deram uma resposta de visibilidade. Porém como é comum nesses casos a solução nunca é dada com análise sistemica, e sim apenas pontual. Afinal é mais bonito “montar uma guarda” do que apenas ter uma dupla fiscalizando e multando. Só para ilustrar, segue um link sobre como situações parecidas ocorrem fora daqui. (http://tinyurl.com/ybqltsf)
Stenio
Olá Plínio,
Obrigado pela atenção dispensada e pela publicação do e-mail.
Só uma pequena correção. Onde se lê “em que lugar do mundo NÃO é proibido estacionar nesse período”, leia-se “em que lugar do mundo É proibido estacionar nesse período”. Passou-me despercebido esse pequeno equívoco quando escrevi o texto.
Caro Luis Ernesto,
Vou fazer o reparo, mas creio que fui eu que no Ctrl+Ctrv ao fazer algum ajuste, como parágrafo, por ex., devo, inadivertidamente ter incluído indevidamente a palavra.
Agradeço,
Plínio
Uma pessoa que pede para não se identificar porque “a barra é pesada” me mandou e-mail, do qual vou reproduzir alguns trechos neste comentário. Posso garantir que a pessoa que escreve conhece o processo sobre o qual fala.
Ela diz que “tem muito mais coisas atrás da decisão de modificar o horário do estacionamento do entorno do Dragão do Mar”, afirmando que não teria sido “decisão unilateral da Prefeitura”. Segundo o leitor, foi “uma iniciativa pensada, repensada e discutida exaustivamente com os proprietários de bares e restaurantes do bairro, Regional II, Polícia Militar, Guarda Municipal e Denarc [Delegacia de Narcóticos].
Diz que “há muito tempo” os frequentadores “de bem” da Praia de Iracema “já não estacionavam seus carros por aquelas ruas”, pois os espaços teriam sido ocupados por “donos de barraquinhas de bebidas e comidas, minivans, e carros adaptados e toda sorte reboques, há muitos anos ocupavam desde as primeiras horas da manhã, ‘guardando o lugar’, de cada centímetro estacionável do entorno do Dragão”.
“Se fosse só isso, tudo bem”, diz o leitor, mas ele afirma que, em alguns negócios, “se escondia e se esconde ainda em outras áreas da cidade, uma rede muito bem articulada de tráfico de drogas, armas e agenciamento de prostituição”.
Ainda segundo o e-mail que recebi, proibir o estacionamento foi uma forma de pôr um pouco de ordem no lugar: “Obviamente que eles [os supostos praticantes de malfeitos] devem migrar para outras paragens e continuar o ciclo, mas aí é uma outra batalha e uma outra organização”.
Para concluir, a pessoa que me mandou o e-mail afirma: “Espero que tenha esclarecido um pouco. Seu post serviu para levantar essa discussão. Não quero ser porta-voz de uma causa. Apenas tentar esclarecer um questionamento que achei injusto, no primeiro momento”.
Plínio, as informações do seu comentário tornam a questão ainda mais absurda.
Eu já desconfiava que a intenção das ridículas placas era muito mais “espantar” as carrocinhas de cachorro-quente do que os carros de som. Mas achava que isso era porque elas prejudicavam as vendas dos bares do Dragão (o que já seria suficientemente estúpido, já que a fiscalização de licenças teria o mesmo efeito sem prejudicar o público que quer apenas uma vaguinha pro seu carro).
Agora, se a intenção real é “espantar” traficantes e cafetões, a incompetência das autoridades é ainda mais assustadora. Pois isso significa que havia conhecimento de onde esses criminosos atuavam e, em vez de usá-lo para armar uma “ratoeira” e prendê-los definitivamente, se preferiu espalhar os ratos pela cidade.
Em resumo, o episódio é lamentável sob qualquer ponto de vista.
Sei que o assunto já é antigo, mas fui surpreendido por uma multa que chegou esses dias lá em casa. Levei um casal de amigos de outro estado para conhecer este ponto turístico e infelizmente não reparei nas placas de proibição em que o horário de proibição é a NOITE, coisa que NUNCA tinha visto na minha vida. Como pude perceber a prefeitura resolve o problema PUNINDO as pessoas que vão conhecer o local. DRAGÃO DO MAR NUNCA MAIS.
Fortaleza já foi uma cidade turística… agora é TERRA DE NINGUÉM.