Colunista do site Salom.com, o americano Glen Greenwald é advogado constitucionalista – e mora no Rio de Janeiro há seis anos. Tem sido uma das vozes destacadas em defesa de Julian Assange, fundador do Wikileaks.

Ele deu uma entrevista para a Folha de S. Paulo (19/12/2010) – Cerco a Assange deixa jornalismo vulnerável, afirma especialista -, da qual vou reproduzir alguns trechos que julguei mais interessantes. A entrevista pode ser vista na íntegra clicando-se no link (para assinantes do jornal ou do Uol).

O que Greenwald disse

? Os diplomatas são usados para espionar outros países e para levantar dados de inteligência da mesma forma que a CIA seria usada. O papel da diplomacia é evitar guerras, mas muitos documentos mostram tudo menos isso.

? Isso [o caso Wikileaks] vai justificar na cabeça de muita gente que seja criado algum tipo de repressão ou censura na internet, o que é um retrocesso. As pesquisas com o público americano mostram que a maioria acredita que o WikiLeaks causou mais danos do que benefícios e que Assange deve ser encarcerado. [Temendo que os governos se aproveitem do caso para justificar o controle da internet.]

? Quando Obama concorreu à Presidência, criticava Bush por sua guerra contra a transparência. A realidade é que não só ele continuou a maioria destas políticas como, em alguns casos, elas até pioraram.

? Depois do 11 de Setembro, a grande imprensa [americana] se tornou completamente identificada com o governo. Eles cobriram a Guerra do Iraque embarcados com o Exército e começaram a ver o mundo pela perspectiva do governo.

? A maior desgraça é que nosso governo [dos Estados Unidos] levou o país a uma das mais terríveis guerras dos últimos cem anos baseado integralmente em mentiras, e a classe jornalística não se deu ao trabalho de submeter as informações a qualquer escrutínio.

? Revelar segredos de governo representa o corpo e também a alma do jornalismo investigativo.

? Em 2001 a pessoa de maior impacto foi Osama bin Laden, mas eles tiveram muito medo e escolheram Rudolph Giuliani [ex-prefeito de Nova York]. Agora, é claro que Assange tem mais impacto do que Zuckerberg. [Comentando o fato de a revista Time ter escolhido Mark Zuckerberg, criador do Facebook, como a “personalidade do ano”, em vez de Julian Assange, responsável pelo Weakleaks. A Time escolhe a “personalidade” pelo impacto que ela causa do mundo, independentemente do mérito de seus feitos.]

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