Meu artigo publicado na edição de hoje (10/2/2011) no O POVO:

"O diabo do buraco", de Hélio Rôla. Veja mais em - rolanet.blogspot.com (clique para ampliar)

Para além da Cagece
Plínio Bortolotti

A primeira coisa a se constatar é que a prefeita Luizianne Lins (PT) resolveu fazer uma ofensiva midiática. As suas freqüentes aparições nas TVs no fim do ano e os vários artigos que ela e auxiliares escreveram no O POVO nos últimos dias, a título de resposta a críticas, revelam a busca de espaço nos meios de comunicação.

E, falar, é uma coisa que a prefeita de Fortaleza faz bem, pela inegável empatia que desperta (ou pelo menos despertava) em amplas parcelas da sociedade.

Depois, a prefeita e seus administradores têm utilizado o método de transferir os problemas de sua gestão para terceiros: ora é a população que é deseducada e joga lixo em qualquer lugar, ora é a malvada classe média a se preocupar somente com os buracos nas ruas, e ora é a Cagece a responsável pelas mazelas.

Mas – só para ficar nesse caso –, se é verdade que a Cagece é “dona” de 60% das crateras abertas nas vias, ainda restam outras 40%, de responsabilidade do poder público municipal.

Creio ter sido essa ânsia em ganhar espaço nos jornais (que depois também é motivo de queixa, pois as palavras da prefeita nunca são interpretadas ao modo de seu agrado) que levou Luizianne a fazer a ameaça de romper o contrato com a Cagece.

Mesmo que o rompante tenha sido em resposta à forma desrespeitosa como o secretário da Casa Civil do Estado, Arialdo Pinho, dirigiu-se a ela, via Twitter, ainda assim foi excessivo. A referência de Arialdo a Luizianne volta-se contra ele, por si só, pois condenável e inadequada para uma autoridade pública. Mas retirar da Cagece o serviço de água e esgoto seria um desserviço à cidade.

O POVO mostrou ontem que o governador Cid Gomes (PSB) mandou a sua tropa ensarilhar armas para pôr fim à querela com a prefeita. Cid não quer marolas: o seu objetivo é preservar o feudo estadual. E, para isso, o governador precisa pacificar-se com o PT, para que o desejo de poder do partido não transborde do governo municipal para o governo do Estado.