O projeto “Diálogos O POVO & Cultura” terá nesta quarta-feira (18/5), na Livraria Cultura a escritora Ana Miranda, autora de “Boca do Inferno” (Prêmio Jabuti de Revelação, 1990), “Desmundo”, “A Última Quimera”, “Dias & Dias” (Prêmio Jabuti de Romance e da Academia Brasileira de Letras, 2003), dentre outros. Ana Miranda é cronista do O POVO, escrevendo quinzenalmente no caderno Vida & Arte.
O tema da conversa com Ana, mediada pela escritora e jornalista Socorro Acioli, será Literatura & Cidade.
“Diálogos O POVO & Cultura” é um projeto do O POVO, em parceira com a Livraria Cultura. São encontros quinzenais entre artistas, professores, escritores, pesquisadores que debatem temas voltados às questões que envolvem a vida na cidade.
Local: Auditório da Livraria Cultura (Shopping Varanda Mall, esquina das avenidas Dom Luís e Virigílio Távora)
Data: 18 de maio de 2011 (quarta-feira)
Horário: 19h30min
Obs.: As vagas são limitadas (130 pessoas) e são distribuídas senhas antes do início do evento.
Veja os outros encontros programados.
1º de junho
Moda que sai da cidade e ganha o mundo
Lino Villaventura: Um dos principais estilistas brasileiros, Lino ficou famoso ao mostrar ao País a união perfeita entre o artesanato e a alta costura. Nas roupas que cria, surpreende o mundo da moda com sensibilidade artística e criatividade. Lino é paraense, radicado em Fortaleza.
Adriana Piorski: Jovem estilista maranhense, mora em Fortaleza. Ficou conhecido ao começar a fazer roupas e vender pela internet. Firmou-se como estilista e abriu uma loja em Fortaleza.
Mediação – Paula Lima (jornalista e colunista de Moda do O POVO)
15 de junho
Fortaleza estampada na tela
Convidados: Petrus Cariri, cineasta. Estreou em filmes longa-metragem com “O grão”, trabalho que coleciona prêmios nacionais e passagens por festivais internacionais. Com o curta “Do resto e das solidões”, o cineasta recebeu prêmios dentro e fora do País. Filmou ainda “A Ordem dos Penitentes” e “A velha e o mar”.
Guto Parente: Formado em Cinema, faz parte do grupo de produção Alumbramento. Escreve roteiros, produz e dirige filmes experimentais. Ganhou prêmios nacionais e participou de festivais internacionais. No portfólio exibe os curtas: “Flash happy society”, “Passos no silêncio”, “Eu, turista”. No currículo tem ainda “Viagem para Ithaca”, que fez junto com os Irmãos Pretti, e Pedro Diógenes.
Grupo Acidum: reúne jovens artistas cearenses, que investem criatividade na junção de várias manifestações artísticas à grafitagem. Participaram este ano do Salão de Abril 2010. Já realizarem as exposições “Execráveis” (prêmio da Funarte) e “Exposição entregue às moscas” (no Museu de Arte Contemporânea do Dragão do Mar de Arte e Cultura).
Mais informações: Joelma Leal 2355. 6055
Contato para entrevistas
Plínio Bortolotti: 3255 6016 – 8611 2390
Regina Ribeiro: 3255 6270 – 8605.4048
Juliana Silva (Livraria Cultura): 4008 0800
Plinio,
eu gostaria muito que você escrevesse sobre como a maioria dos jornais estão lidando com a questão do livro didático do MEC que estaria ensinando a falar errado. Já deixo claro que minha opinião se assemelha muito à expressa neste texto: http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745
Acho irresponsável o julgamento dos jornalistas quanto a esse fato. Para mim o livro em questão é dos poucos que propõem um pensamento crítico em relação a linguagem, sem ensinar somente as regras rígidas da norma padrão, que devem sim ser ensinadas, mas não como representativas de um uso da língua único e inequívoco.
Enfim, gostaria muito de ler um artigo teu, enquanto jornalista, sobre esse tema.
Rafael Oliveira.
Caro Rafael,
Concordo em termos com o texto que você indica. Não resta a menor dúvida de que é errado dizer que as pessoas que usam variedades da língua padrão falam “errado” (repeti o “errado” de propósito). A variedade usada por diversos grupos humanos – devido à sua cultura, meio social ou histórico – não pode ser alvo de zombaria ou servir de objeto para se humilhar quem as usa.
Mas entendo – salvo melhor juízo – que as escola de ensino fundamental e médio têm de ater a ensinar a norma padrão da língua (e confesso não ter visto se a proposta do MEC é diferente dessa), com as ressalvas que já fiz acima. Ou seja, reconhecendo todas a variedades da língua e explicando que ela comporta variedades; que os seus falantes têm de ser respeitados, etc. Digo isso, pois é com a norma padrão que as pessoas terão de se virar na vida: nos concursos, no emprego, na universidade, etc.
É obrigação de todos respeitar as variedades da língua – e que isso tem de ser dito alto e bom som, também nas escolas de ensino médio e fundamenta -, não tenho a menor dúvida.
Há duas disciplinas, a meu ver, que tem de ser reforçadas, principalmente no ensino público: o Português e a Matemática. sabendo bem a ambas, as pessoa terão mais possibilidades de se virar melhor em qualquer atividade que irão desempenhar.
Vou enviar à redação as sua preocupação como sugestão de pauta.
Agradeço,
Plínio
Plínio,
De início agradeço a atenção.
Sobre a concomitância no ensino tanto das variedades da língua quanto da necessidade do uso ADEQUADO da norma culta, segue o trecho do livro em questão, que está inserido no mesmo capítulo (que, por sinal, tem como nome “Escrever é diferente de falar”) que contém o texto polêmico:
““na norma culta, o verbo concorda, ao mesmo tempo, em número (singular – plural) e em pessoa (1ª –2ª – 3ª) com o ser envolvido na ação que ele indica”; e ainda: ““a norma culta existe tanto na linguagem escrita como na oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, DEVEMOS ser formais, utilizando a norma culta”.
Portanto, é notável que a preocupação com a instrução das normas padrões está presente no material difundido pelo MEC.
Julgo ser errada a forma reducionista que alguns jornais abordam o tema, sem que, por exemplo, sejam ouvidas correntes dicotômicas da ciência chamada Linguística: os funcionalistas e os formalistas.
Agradeço a indicação do tema à redação e torço para que ele seja abordado de maneira adequada.
Rafael Oliveira.
Segue mais um bom texto e defesa do livro do MEC:
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/coordenadora+de+ong+defende+livro+polemico+contra+o+preconceito/n1596956000653.html
Desculpa, só mais um adendo à minha opinião.
O que acho injusto é um tema desse, que é estudado por vários pesquisadores, ao longo de anos, ser reduzido a um balançar de cabeça em tom de deboche, por âncoras como Carlos Nascimento…
Caro Rafael,
Clóvis Rossi, na Folha de S. Paulo (17/5/2011) também escreveu sobre o assunto, mas no caso, creio que a “inguinorança” é dele, principalmente pelas comparações que faz. Segue o artigo
Inguinorança
Clóvis Rossi
SÃO PAULO – Não, leitor, o título acima não está errado, segundo os padrões educacionais agora adotados pelo mal chamado Ministério de Educação. Você deve ter visto que o MEC deu aval a um livro que se diz didático no qual se ensina que falar “os livro” pode.
Não pode, não, está errado, é ignorância, pura ignorância, má formação educacional, preguiça do educador em corrigir erros. Afinal, é muito mais difícil ensinar o certo do que aceitar o errado com o qual o aluno chega à escola.
Em tese, os professores são pagos – mal pagos, é verdade – para ensinar o certo. Mas, se aceitam o errado, como agora avaliza o MEC, o baixo salário está justificado. O professor perde a razão de reclamar porque não está cumprindo o seu papel, não está trabalhando direito e quem não trabalha direito não merece boa paga.
Os autores do crime linguístico aprovado pelo MEC usam um argumento delinquencial para dar licença para o assassinato da língua: dizem que quem usa “os livro” precisa ficar atento porque “corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”.
Absurdo total. Não se trata de preconceito linguístico. Trata-se, pura e simplesmente, de respeitar normas que custaram anos de evolução para que as pessoas pudessem se comunicar de uma maneira que umas entendam perfeitamente as outras.
Os autores do livro criminoso poderiam usar outro exemplo: “Posso matar um desafeto? Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito jurídico”.
Tal como matar alguém viola uma norma, matar o idioma viola outra. Condenar uma e outra violação está longe de ser preconceito. É um critério civilizatório.
Que professores prefiram a preguiça ao ensino, já é péssimo. Que o MEC os premie, é crime.
Comentários:
– ” no qual se ensina que falar “os livro” pode.”
Me surpreende pessoas formadas em comunicação julgarem um excerto de forma descontextualizada. O Clóvis, para opinar de forma acertada, deveria se inteirar pelo menos do parágrafo que contém o trecho polêmico.
– “Afinal, é muito mais difícil ensinar o certo do que aceitar o errado com o qual o aluno chega à escola.”
Acho que mais difícil para o professor é discutir com os alunos as variações linguísticas. Fácil é repassar regras.
– “Posso matar um desafeto? Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito jurídico”.
Realmente, é uma comparação exagerada que, aliás, não tem nada a ver.
Posiciono o Clóvis junto aos que “protegem” a língua dos estrangeirismos, defendendo a utópica “pureza” da língua.