Meu artigo semanal publicado hoje (9/6/2011) no O POVO:
A Kronstadt de Luizianne
Plínio Bortolotti
Alguns dos episódios mais sintomáticos da Revolução Russa envolveram os marinheiros da Fortaleza de Kronstadt, espécie de ponta-de-lança da revolta do Partido Bolchevique (depois Partido Comunista da URSSS), que tomou o poder em 1917.
No princípio de 1917, os marinheiros recusavam-se a obedecer aos oficiais, atendendo somente ordens dos revolucionários, especialmente de Leon Trotski , “a quem idolatravam”. Para Trotski – um dos mais importantes líderes revolucionários – eles eram “o orgulho e glória da Revolução”.
Os marinheiros tiveram importante papel na guerra civil, concluída em 1921 – e foi nesse ano que Trotski e Kronstadt encontraram-se novamente , porém, em campos opostos.
Os marinheiros amotinaram-se, agora para cobrar as promessas revolucionárias, como liberdade para os sindicatos, benefícios para os camponeses e eleições livres para os sovietes: “O que os rebeldes de Kronstadt exigiam era apenas aquilo que Trotski prometera aos seus irmãos mais velhos [a geração anterior de marinheiros] e que ele e o partido foram incapazes de dar”.
Trotski exigiu rendição incondicional , recusada pelos marinheiros. Seguiu a tropa de choque: a revolta foi esmagada pela Guarda Vermelha, em luta cruenta, com baixas de ambos os lados.
Kronstadt, e o 10º congresso do partido que transcorria, foram uma espécie de adeus às ilusões para uma revolução que principiara generosa, enterrando junto qualquer veleidade da prometida “democracia operária”.
A prefeita Luizianne Lins (PT), do grupo Democracia Socialista – de origem trotskista -, teve ontem a sua micro-Kronstadt, na violenta ação da Guarda Municipal, a tropa de choque da Prefeitura, contra com seus colegas professores.
Se Trotski lamentou ter de investir contra antigos companheiros, abstendo-se de lhes fazer acusações – e referindo-se aos derrotados como “camaradas” – o que a prefeita e seus aliados teriam a dizer?
(Os trechos entre aspas são do livro “Trotski – O profeta armado”, de Isaac Deutscher.)
Olá Plínio,
Perfeito o seu texto. Acho que essa história ainda vai se repetir muito.
Interessante a relação feita entre o episódio de Kronstadt e os ocorridos na Câmara. A lição que os trabalhadores de todas as partes e épocas já deviam ter aprendido, desde que os bolcheviques destruíram a Revolução Russa, é que não há convicções que se mantenham depois que se tem o poder nas mãos. Aliás, é melhor mesmo que os representantes da prefeitura se furtem ao cinismo do chefe do exercito vermelho. Entre campos antagônicos não há “camaradas”. Os lamentos não aliviam seu papel de traidor da Revolução. Kronstadt e makhnovitchina que o digam.
O mais engraçado, como todo petista, é que ela faz de conta que não é com ela, se esconde. Como fez o barbudo quando caiu o avião da Tam em SP…
Finalmente alguém com coerência nesse jornal que não coloque professor como apenas um mercenário guerreando por dinheiro. Qualidade educacional passa por professores qualificados e bem remunerados. Ou seja, pessoas trabalhando com o que gostam e tendo condição para isso.
Senhor Bortolotti,
Oxalá, se vosso texto pudesse ser amplamente compreendido pela sociedade. E não as palavras vãs e torpes que a prefeita utiliza para tentar convencer essa mesma sociedade, quando cita as crianças para defender suas arbitariedades.
Constatamos que a história se repete, modifica-se apenas os personagens.
Todo apoio à Educação.
Só acho que precisamos de novas formas. O que aconteceria se deixássemos de lado o carro de som, e chamássemos os pais de alunos, a sociedade toda para marchar juntos pela educação?
Queremos fazer isso em Fortaleza, no dia 18/06, em uma passeata apartidária, auto-organizada e abrangente em suas pautas. Que agregue todos que estão em luta e que separados são poucos frágeis.
Não acreditamos mais nos velhos métodos e segmentações, na política partidária e nem em sindicatos ou na mídia tradicional. Mas acreditamos nas pessoas.
Quando o spray de pimenta borrifa, a liberdade é atacada.
Marcha da Liberdade – Fortaleza – 18/06 – na Praia de Iracema
Traga a sua luta.
mais informações:
marcha-da-liberdade-fortaleza@googlegroups.com
#marchadaliberdade
Excelente analogia…vou divulgar
QUE BOM QUE ALGUÉM TEM VISAO CRÍTICA NA CIDADE, FOI MUITO BEM COLOCADO ESSE TEXTO, É UMA PENA QUE A MAIORIA DAS PESSOAS NÃO CONHECEM REALMENTE A MÁ FE DE NOSSA PREFEITA SE FAZENDO DE VÍTIMA NESSA SITUAÇÃO. OBRIGADA PELO APOIO.
Interessante analogia, e como percebemos, os governantes e regimes políticos não possuem muitas diferenças entre eles , independentemente de quais partidos pertençam, finalmente alguém com lucidez nesse jornal, não estamos querendo aumento de salário nenhum como a imprensa em geral coloca para a população, estamos apenas reinvidicando o CUMPRIMENTO DE UMA LEI FEDERAL…E ela vai ser cumprida, custe o que custar, mas esse ano ainda!!!! Vou divulgar
PEREFEITO SEU TEXTO, ACONSELHO ENVIÁ-LO PARA SEU COLEGA DE JORNAL FÁBIO CAMPOS. ELE TEM MUITO A APRENDER COM VOCÊ. AFINAL O ARTIGO DELE HOJE É DAR DÓ.
Infelizmente acho que a história não absolverá Luixianne e seus fiéis escudeiros. Sugiro uma leitura abalizada das moções de apoio da CUT, DO PCDOB , DA APEOC, DA FETAMCE, DO MST E DO PSOL. Luizianne e seus capachos pensou que podia pisar na lei sem que o povo soubesse a verdade.
Concordo com a opinião de alguém aí por cima, que considera o modelo de protesto esgotado. Se documentassem a vida dos professores na escola, a falta de condições de trabalho, a indiferença e as dificuldades para elastizar um contra-cheque que nem dá pra pagar as contas da semanatalvez a opinião pública compreendesse que o modelo educacional brasileiro está falido há muito tempo, mas piorou com o pt (vejam enem).Petistas adoram fazer “zuada” como se trabalhassem, mas o que sabem fazer mesmo é desviar, mentir, enganar, maquiar, negar e trair.
Nada a ver com o trotskismo a postura da prefeita, muito menos a prefeita é…e sua corrente oportunista. Apenas está acreditando neste texto quem não conhece nada de política. Quem estuda a Revoluação Russa e o Marxismo sabe muito bem que o líder revolucionário fora incumbido de uma função e que em seguida foi banido pelo Stálin, e que este sim destruiu os soviets e eliminou toda a vanguarda revolucionária. Associar o trotskismo ao que ocorreu na Câmara dos vereadores é querer falsear totalmente a História.
Os professores do Estado e da Prefeitura vêm sofrendo com as arbitrariedades do executivo em não realizarem grandes esforços para a melhoria da educação. Não CUMPRIR A LEI DO PISO NACIONAL DOS PROFESSORES é exemplo de uma verdadeira afronta à sociedade. o governo acumula um Poder que não lhe pertence. É preciso que a mobilização e conscientização se estenda por toda a sociedade. Por uma educação de qualidade! Por um Brasil mais justo!
É uma pena sr. jornalista, nem todos companheiros vossos parecem ter a cultura que o senhor demonstra. É pena, pois nesse país que se faz festa a toda hora para homenagear jogador de futebol, cantor, ator(nada contra essas classes, pois o homem sem a arte tornaria a vida impossível, já dizia Nietzsche)mas esse pessoal ganha milhões, com inclusive alguns para dar exclusividade a emissora à qual estão ligados, chegam a ter contrato de 10 milhões de reais, sem fazer nada apenas para se manter fiel a emissora. Quem os paga, os consumidores de novela e de futebol. Clubes de futebol, que deveriam ser apenas diversão, são seres abstratos não têm existência concreta. Quanto ao que estão fazendo com os educadores,os gestores estaduais e municipais, é lamentável e prova que esse não é um país sério,aqui as chamadas ” raposas velhas” leiam que sabe roubar dentro da lei são tidos como peças importantissimas no jogo polítco, aliás nesse movimento dos professores, o que tem de gente de dentro dos sindicatos encenando teatro só com o objetivo de chegar a um cargo polítco não tem soma. Mas desde que me entendo por gente e olha que já faz um tempinho, tenho 49 anos. 15 anos como seminarista, e 12 como educador em três expedientes, o que é uma escravidão, enquanto escrevo esse comentário minhas carnes estão trêmulas e meus ossos doem e tenho que ser rápido para sair agora e voltar as dez da noite. E ainda nos chamam vagabundos, se o senhor soubesse e acredito que o senhor saiba, pois é um estudioso da educação e da polítca o que os professores sofrem literalmente em sala de aula, ao tentar mostrar aos filhos dos expropriados do capital, que a única saída para nós empobrecidos do capital é o conhecimento, não é fácil vai desde ofensas morais, passando pelo deboche até ameaças físicas e morte. Ano passado o professor Ferreira após 30 anos em sala de aula, ao passar por uma humilhação nas salas de aula da escola José Maria Pontes da Rocha no Tapabuá em Caucaia, foi internado,pois tinha problmas cardíacos e de lá não voltou. O que aconteceu a respeito, a tarde tinha um professor temporário para o substituir. Esse é o respeito desse país pelos educadores, a prefeita manda descer o porrete, a pimenta nos olhos e senhor conhecer o remendão que ela fez aprovar por vereadores que só fazem o que o executivo manda é um aleijão politico e fora da lei. Eu não posso compreender como essa senhora tem tanta prepotência de se achar a única dona da verdade, lhe falta humildade, sensibilidade, a imprensa braslieira se deseja ter um papel cidadão precisa se colocar ao lado dos educadores exigindo não só o cumprimento desse piso que já virou folclore, mas uma revolução na educação como a feita na Alemanha,Japão, e aqui no Chile. Primeiro aleijão que precisa ser discutido é: Um professor não pode ensinar nada trabalhando em sala de aula doze horas por dia, é preciso dedicação exclusiva, para isso precisa haver um incentivo profissional e salarial, segundo é mais do que urgente entenderem que os professores do ensino médio precisam ser pesquisadores e não meros dadores de aula, para isso precisa os estados e municpios fazerem convênios com universidades públicas e privadas para oferecer mestrado e doutorado, para que esses profissionais possam pesquisar e publicar estudos nessa faixa da educação tão importante na formação dos futuros trabalhadores e profissionais liberais e políticos. Então a prefeita tem tratado os professores no chicote na chibata, é lamentável.
Muito coerente o texto em que fala sobre essa guerra civil entre o exército vermelho (PT-Partido dos Traidores) X exército branco(Útopicos Sonhadores)
Belíssimo…explêndido…faltam palavras para expressar o quanto essa analogia reflete o momento em que vivemos.Parabéns/
Nenhum país alcançou a condição de desenvolvido sem valorizar o professor. O Brasil pode chegar a ter o maior PIB do mundo, mas sem educação nunca será considerado um país desenvolvido. Uma professora de um colégio particular de ponta em Fortaleza, disse-me que perguntou, aos seus alunos do 8º ano, quem gostaria de ser professor; ninguém levantou a mão . O professor é o profissional de NIVEL SUPERIOR mais mal pago do País.
O SENHOR DISSE TUDO,PARABÉNS!
Estou de boca aberta,PARABÉNS !!!
Concordo com o texto, mas cuidado com esta proposta de protesto supostamene apartidária que foi colocado em um dos comentários. Parece aquela do “Fora Luziane” ou do “Rali”, isso é coisa do PDT. Cuidado com os oportunistas de plantão. O espólio da “revolução” pode servir para muitos interesses, nem tão “apartidários” quanto se parece.
A História se repete, como farsa!
Muito triste, alguns comentários por demais despolitizados. Acredito que seja por isso que nós professores seremos mais uma vez derrotados. Ou se estuda para uma melhor compreensão, ou se vai como marionetes para um jogo de poder obscuro. A luta é de classes. Quem falou sobre “o exército vermelho (PT-Partido dos Traidores) X exército branco(Útopicos Sonhadores)”; está totalmente equivocado. Comparar o PT – um partido pequeno-burguês e social-democrata – com os Bolcheviques é muito triste…Vamos pesquisar para que da próxima vez não sejam enganados.
Roberto Leite, a questão é: salvo as diferenças entre bolcheviques e petistas, ambos centralizam o poder no Estado e são autoritários…
Olá Plínio. Parabéns pelo excelente texto. Apenas uma observação:
Se a DS tem origem Trotskista, hoje, por suas práticas, claramente nega o ideal socialista. Ao invés de Trotskista, está mais pra Stalinista. A propósito, respondendo o questionamento contido na parte final de seu texto, o que se tem visto é o pessoal da Prefeitura (a partir da própria Luizianne, passando por seus asseclas na Câmara Municipal) tentando justificar/defender a ação nefasta da ‘tropa de choque da Prefeitura’. Absurdo !
Bom texto! Esperamos que a senhora Prefeita possa um dia refletir sobre seus atos. Esperamos que esta reflexão seja realizada em seus aposentos, sozinha, sem capachos… Pois esperamos que ela JAMAIS se eleja novamente. Nem para síndica do prédio onde mora. Apostar na falta de memória do povo pode ser um tiro que sairá pela culatra. Eu serei uma que farei de tudo para relembrar aos que estiverem ao meu lado da falta de sensatez e compromisso público desta dita cidadã. Aguarde Luizianne, tua derrota nas urnas chegará.