Do artista plástico Hélio Rôla, que às margens da Lagoa Redonda continua a sua luta contra o barulho e o querosene aéreos, recebi a medida do decibelímetro de seu Ipad, apontando um ruído de 91 decibéis, às três horas da manhã – barulho provocado pelo sobrevoo de aviões, cuja rota lhe cobrem a cabeça.

OMS

A OMS (Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que barulhos acima de 50 decibéis podem provocar prejuízos graves ao ser humano.

As mazelas que um vivente pode sofrer com o barulho podem ir do estresse à depressão, passando por perda de audição, agressividade, perda de concentração, dor de cabeça entre outros.

Dia e noite

Em seu texto, Hélio Rôla observa que ele tem feito “medidas de som em todos os horários e dias da semana e dá tudo a mesma coisa – Fortaleza 90-100 decibéis”.

Apelo

Segue abaixo carta que Hélio Rôla enviou à Procuradoria da República do Estado do Ceará, cobrando providências de uma denúncia encaminhada por ele, e acatada pelo MP, há mais de dois anos, mas que, até agora, não resultou em nenhuma providência.

Sr. Procurador
Dr. Alexandre Meireles Marques
Data venia

Antes dizía-se que Fortaleza era a loira desposada do sol.
Sol existe, e muito, mas agora ela é vítima de um recursivo e impiedoso estupro acústico aeronáutico…

Fortaleza, a Loira do sol “submetida” à força em pleno voo

Infraero e Anac comandam e dão apoio à tirania empresarial aeroviária que há tempos alopra nos céus de Fortaleza e agora se intensifica sobremaneira por conta da criação, no maior segredo, de novas rotas que em muito elevaram o tráfego aéreo nas 24 horas do dia no lado leste da cidade. Rota aérea é com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo, DECEA, não é? Onde estamos. Como voam baixo para economizar combustível (?) onde quer que sobrevoem, de dia ou de noite, as aeronaves despejam recursivamente sobre a cidade um expressivo lixo acústico de 90-100 decibéis, mais os 10% do querosene que sempre escapa da combustão. Faz 2 anos e meio que o abuso socioambiental aeroviário bate firme na saúde e bem estar da população que habita sob as rotas aéreas. Quem não sabe que toda e qualquer malfeitoria se beneficia da sensação ou mesmo da certeza de impunidade ou da morosidade da justiça? O Ministério Publico Federal acatou a denúncia (PA 1.15.000.001764/2008-08 PRCE-MPF) Ainda bem, mas, a meu ver, está trabalhando em uma avaliação multidisciplinar por demais demorada para entrar no mérito da questão e fazer valer por exigência e mérito constitucional o interesse público diante dessa falcatrua aeroviária. Falcatrua? Não seria demais essa palavra para definir o abuso socioambiental em curso que se intensifica dia a dia? Quem sabe… O aeroporto Pinto Martins, um aero pouso no meio da cidade, já opera acima dos seus limites de 50.000 voos anuais. Mas o que vemos é que a tirania empresarial aeroviária não vê limites no horizonte mercantilista e se decidiu, sem temor de contra poderes, pelo abuso socioambiental de significativo e inegável caráter hediondo…(???) pois, a meu ver, trata-se da condenação das pessoas atingidas a uma tortura acústica recursiva, diária e de grande impacto no seu viver… O que fazer? A aviação comercial deveria honestamente e sem manipulações descabidas ater-se às normas aeronáuticas vigentes, nacionais e internacionais, voar alto e também se reconfigurar para a suspensão dos voos noturnos. Antes que o assédio aeroviário se agrave e mais sofrimento cause. Ou vamos, em nome do progresso da bola a qualquer custo dar azo ao crime socioambiental qualificado por razões torpes? O lucro bruto?

Saudações e respeitos
da pARTE do Hélio Rôla
rolanet.blogspot.com