Meu artigo, publicado na edição de 3/11/2011 (quinta-feira), do O POVO.

Foto: Drawlio Joca. Veja mais em: http://www.flickr.com/photos/drawliojoca (clique para ampliar)

Sete bilhões
Plínio Bortolotti

A propósito da marca de sete bilhões de habitantes, ao qual o planeta Terra chegou esta semana, volto a falar de um assunto que já ocupou a paciência dos eventuais leitores, em três artigos que já escrevi: a defesa, por alguns economistas, de que chegou a hora de fazer a economia parar de crescer ou mesmo a necessidade de fazê-la decrescer, posto que os recursos naturais estariam à beira do colapso.

Divulguei aqui essas ideais, por achá-las provocativas, pois na contramão do discurso de qualquer grupo ideológico (pelo menos dos que empalmam o poder): à direita ou à esquerda – todos eles adeptos do crescimento da economia. Ou seja, não concordo, necessariamente com a tese, mas ela me faz pensar.

E, quanto reflito sobre o assunto, me vem à cabeça dois personagens bastante distintos: o economista inglês Thomas Malthus (1766-1834) e o também economista, sociólogo e militante comunista, o alemão Karl Marx (1818-1883).

Malthus foi o primeiro a afirmar que a superpolução na terra poderia ser um problema. Ele via incompatibilidade entre crescimento demográfico e a disponibilidade de recursos naturais: a população cresce em proporção geométrica e a produção de alimentos em proporção aritmética, escreveu.

Falando sobre as condições para a superação do capitalismo, Marx anotou “(…) a humanidade só se propõe as tarefas que pode resolver, pois, se se considera mais atentamente, se chegará à conclusão de que a própria tarefa só aparece onde as condições materiais de sua solução já existem, ou, pelo menos, são captadas no processo de seu devir”*.

Por enquanto, vence Marx, pois, contrariando Malthus, o homem encontrou, soluções científicas e técnicas para fazer crescer a produção. Mas teríamos chegado ao ponto degenerativo em que o momento atual não traria mais em seu ventre a solução para o futuro?

Outros textos sobre o assunto:

Decrescimento feliz.
Tratado do decrescimento sereno.
Quem são os lunáticos?

*A frase completa de Marx é a seguinte:

“Uma formação social nunca perece antes que estejam desenvolvidas todas as forças produtivas para as quais ela é suficientemente desenvolvida, e novas relações de produção mais adiantadas jamais tomarão o lugar, antes que suas condições materiais de existência tenham sido geradas no seio da mesma velha sociedade. É por isso que a humanidade só se propõe as tarefas que pode resolver, pois, se se considera mais atentamente, se chegará à conclusão de que a própria tarefa só aparece onde as condições materiais de sua solução já existem, ou, pelo menos, são captadas no processo de seu devir.”

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