Meu artigo publicado na edição de hoje (1/]/12/2011) do O POVO

Meritíssimos
Plínio Bortolotti

Juízes do trabalho e federais paralisaram ontem suas atividades reivindicando aumento salarial. Os magistrados têm “subsídio” de R$ 21,7 mil (equivalente a 36 salários mínimos) e pedem reajuste de 21%. Os meritíssimos, diferentemente de todos os brasileiros (talvez de todos trabalhadores do mundo) têm férias de 60 dias, além dos “recessos”, muito comuns na Justiça.

Mas existe explicação para o pedido de aumento e também para as férias de 60 dias. Vejamos.

A categoria reclama que está há seis anos sem reajuste, tendo perdido 40% em seus salários. Se eles não tivessem “perdido” esse percentual, o salário mínimo de um juiz seria de R$ 36.022 (para recuperar uma perda de 40% é necessário reajuste de 66%). Portanto, vamos reconhecer-lhes a generosidade: frente à gigantesca perda, estão pedindo “apenas” 21% de aumento.

Quanto às férias de 60 dias, deixo a palavra para o vice-presidente da 1ª região da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Tourinho Neto, que emitiu nota, com o seguinte teor (trecho): “O cansaço mental do magistrado, sua preocupação diuturna para bem decidir, a falta de recursos materiais para bem desempenhar sua função, exijam um descanso maior, anualmente, para eliminar o cansaço cerebral”. Justo. Justíssimo.

Sugiro aos magistrados responder a duas questões:
1) “subsídio” de mais de R$ 21 mil não é mais do que razoável, para qualquer profissão, em qualquer país do mundo?; 2) acreditam mesmo ter argumentos para convencer quem quer que seja da razoabilidade de suas reivindicações?

Recentemente, depois de duríssima greve, os professores do Estado conseguiram nova tabela salarial, para vigorar em janeiro. A tabela começa com R$ 1.608,74 e vai até R$ 4.902,88 – para professores com título de doutor.

A sociedade inteira – mesmo quem discordava de alguns dos métodos utilizados na greve – ficou ao lado dos professores. Ficará ao lado dos juízes?

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