Vista no fim da tarde da rua Principal de Jericoacora, com mar ao fundo (clique para ampliar)

Pela primeira vez em Jericoacoara. Não conheci a praia quando era apenas uma vila de pescadores, refúgio de bicho-grilos, hippies tardios e outros representantes dessa fauna, que está sempre à procura de um lugar onde ainda habita o bom selvagem.

Antigas

Mas imagino que, nas antigas, Jeri devia ser como era Canoa Quebrada, que conheci no primeiro ano de década de 80 do século passado: principiava a abertura de algumas pousadas bem simplezinhas e ainda dormia-se na casa de pescadores ou em algum “puxadinho” que eles faziam no quintal, alugando por módica quantia. Se bem me lembro havia apenas uma barraca na praia. Hoje, a rua principal de Canoa se chama “Broadway”, daí você tira o que virou a terra de Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, também conhecido como Dragão do Mar.

Beleza

Obviamente não vou ser besta de negar a beleza de Jericoacora. O trajeto surpreendente de carro, de Jijoca a Jeri, passando por dunas, mangues, paisagens de puro deslumbre; seu pôr do sol, suas lagoas – e ainda o jeito simpático como locais e aqueles que se fixaram por aqui recebem os visitante – em uma conversa informal, nos bares, restaurantes e pousadas. Mas agora o que manda aqui é o “business”, em várias línguas e sotaques.

Guias

Um dos sinais de que a coisa virou meramente turística é o enxame de “guias” que lhe cercam oferecendo passeios, a partir de Jijoca. Por isso, a recomendação de procurar informações oficiais e optar por guias de associações ou cooperativas.

Parêntese

Atenção: não estou dizendo se é bom ou ruim, apenas narro o jogo. [Não vou condenar um pescador que abre uma barraca, troca a jangada por um bugue de aluguel, ou arranja um emprego fixo, com carteira assinada, folga aos domingos – e, por isso, deixa de se aventurar ao mar, por uma renda diminuta e pra lá de incerta. Já ouvi gente dizendo, afetando tristeza, que a “tradição” está se acabando: as jangadinhas indo e vindo e coisa e tal. Lamentam o fim da paisagem “romântica” que eles querem continuar a desfrutar em suas férias anuais. (É, negrada, mas a rapadura é doce, mas não é mole não)].

Restaurantes

O vilarejo, se é que se pode chamar assim, funciona mais à noite: há restaurantes e pousadas de todos os tipos de bolsos (em alguns cardápios os preços não ficam nada a dever às melhores casas de Fortaleza). Vende-se de tudo nas lojas de jeri de artesanato (nada muito interessante), passando por roupas (principalmente moda praia) a jóias.

Pousadas

As pousadas, de modo geral, são bem cuidadas. O mesmo não se pode dizer das áreas públicas do vilarejo, que mereciam mais arborização e maior limpeza. Detritos ficam acumulados pelas ruas, e em vários pontos sente-se o ar rescendendo cheiro de lixo.

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