Meu artigo publicado na edição de hoje (10/5/2012) do O POVO:

Ilustração de Hélio Rola

Dilma versus bancos
Plínio Bortolotti

Em pleno 1º de maio, data dedicada aos trabalhadores do mundo inteiro, a presidente Dilma Rousseff acusou os bancos de se valerem de uma “lógica perversa” para cobrarem juros de agiota de sua clientela. Dilma não poderia arranjar inimigos melhores. Além desse problema, aponte uma pessoa que não tenha queixa de bancos: pelas filas, pelas tarifas incompreensíveis, pela dificuldade em ser atendido por uma pessoa de carne e osso (o mundo virou um imenso telemarketing). Isto é, estou falando das pessoas comuns, daqueles milhares de clientes anônimos, portanto desprezáveis.

Na antipatia da população, essas casas de pecúnia rivalizam com as operadoras de telefone. Aliás, são ambos os setores que dispõem das mais “humanizadas” publicidades nas TVs, como se tivessem necessidade de inventar um mundo irreal para compensar o inferno que oferecem à escumalha.

Se Dilma levar à frente o seu enfrentamento com o setor financeiro e vencê-lo (com essa gente não se brinca), fará um serviço o qual nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ousou fazê-lo. Lula procurava equilibrar-se entre a base e o pico da pirâmide econômica, de modo a não provocar tremores, nem em cima, nem embaixo. Os lucros dos bancos sempre foram exuberantes, independentemente do que acontecia em outros setores da economia.

Obviamente, a entidade que representa os banqueiros, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), vai reagir, dificultando a redução dos juros e argumentando que o crédito não se aumenta por decreto. No entanto, existe uma lógica que move o mercado: quanto mais um produto é barato, mais ele vende – se o dinheiro custar menos, mais gente poderá fazer empréstimos. De qualquer modo, se a expansão do crédito vier, ainda restará provar se é uma boa política.

A peleja Dilma X bancos promete outros rounds emocionantes. Vamos acompanhá-los.

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