Meu artigo publicado na edição de hoje (13/9/2012) do O POVO.

Arte: Hélio Rôla (clique para ampliar)

O nome é: censura
Plínio Bortolotti

Por muito pouco o leitor teria perdido a oportunidade de ver o resultado da terceira pesquisa O POVO/Datafolha sobre as eleições, publicado ontem. Decisão liminar concedida pelo juiz eleitoral Mário Parente proibiu o jornal de divulgar o resultado da consulta. O pedido de proibição partiu dos candidatos Inácio Arruda (PCdoB) e Renato Roseno (Psol), em processos separados.

O POVO, na terça-feira, começou a preparar duas edições diferentes: uma com o resultado da pesquisa e outra sem os dados da consulta, caso a proibição fosse mantida. Somente no início da noite o juiz Luciano Lima Rodrigues, do Tribunal Regional Eleitoral, suspendeu a proibição, atendendo a recurso do instituto Datafolha.

Os dois candidatos argumentaram, para pedir a proibição, que a pesquisa não indicava seus nomes na simulação do segundo turno, o que indicaria tratamento desigual. O Datafolha, há mais de 20 anos, utiliza o critério de fazer simulações apenas com os candidatos que a pesquisa indica possibilidade de irem ao segundo turno.

De qualquer modo, se os candidatos tivessem pedido apenas que se sustasse a divulgação da consulta referente ao segundo turno, seria uma atitude aceitável, ainda que discutível. O problema é que eles jogaram a criança junto com a água do banho: pediram que a Justiça proibisse a divulgação da pesquisa em sua totalidade. E, a isso, é preciso chamar pelo verdadeiro nome: censura.

Vindo do PCdoB, partido que já considerou Stálin o “guia genial dos povos” e tem com referência de democracia a Coreia do Norte e seu “querido líder” Kim Jong-un, é um comportamento em certa medida esperável.

Mas, por que o Psol teria cometido tal ato? Uma imposição das alas mais “radicais” do partido ou a eterna paranóia de uma certa esquerda que vê o mundo como um grande conspiração contra a “verdade” que eles oferecem para nos levar à salvação?

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