Foto: Drawlio Joca (clique para ampliar)

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Meu artigo publicado na edição de hoje (30/5/2013) do O POVO.

Sobre portas e saídas
Plínio Bortolotti

Os boatos que se espalharam sobre o fim do programa Bolsa Família – ainda está para ser esclarecida onde e como surgiu a informação falsa – acabaram por dar uma ideia da revolução que teria de enfrentar algum político que propusesse o fim do benefício. Inicialmente contestado como eleitoreiro (mostrem um só político que não pensa na próxima eleição), hoje é raro quem se disponha a criticá-lo, tirante aqueles que o fazem de maneira indireta, achando que a tal “porta de saída” tem de estar ali na esquina.

O negócio pegou de tal maneira que o próprio PSDB, ferrenho opositor do governo, quer assumir a paternidade do Bolsa Família. Será mais um tiro no pé na sua errática rota oposicionista. É o mesmo caso do PT reivindicando como sua a política de estabilização da moeda, implementada por FHC. Ninguém acredita.

Matéria assinada por Lucinthya Gomes, publicada neste jornal (26/5), ajuda a entender os (longos) caminhos que podem levar à porta de saída, ao passo que desmitifica um dos mais persistentes mitos que agridem os destinatários do benefício, qual seja, que originaria uma legião de “acomodados”, dependentes da bolsa, que varia de R$ 32 a R$ 306 por mês, dependendo da composição familiar.

(Se ganhar dinheiro suficiente para suprir certas necessidades levasse uma pessoa a parar de trabalhar, Bill Gates, por exemplo, já o teria feito há muito tempo. A não ser que se ache que os pobres são vagabundos por natureza.)

A reportagem mostra que das 13,6 milhões de famílias que recebem a bolsa, 1,6 milhão (11%) já deixaram o programa; e seus beneficiários representam 7% dos microempresários individuais: gente que quer trabalhar, portanto. Além disso, cada real investido no programa, acresce R$ 1,44 no PIB.

Entanto, a porta de saída mais larga, segundo os especialistas, será para as futuras gerações dos beneficiários, cujos filhos terão o mínimo necessário para se inserirem com dignidade no mercado de trabalho, oportunidade que seus pais não tiveram.

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