Meu artigo publicado na edição de hoje (26/9/2013) do O POVO.

Foto: Drawlio Joca (clique para ampliar)

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Mudança climática e seca no Nordeste
Plínio Bortolotti

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cuja 6ª reunião ocorre na Suécia, divulgará amanhã seu relatório, registrando, com 95% de certeza, que “a influência humana no clima é responsável por mais da metade do aumento médio de temperatura observado entre 1951 e 2010″.

A polêmica, como sempre, ficará entre “céticos do clima”, os poucos cientistas que negam que a emissão do gás carbônico resulte em aquecimento global, e a maioria da comunidade científica, apontando a atividade humana como a responsável pelas mudanças climáticas.

Olhando mais perto, a Primeira Conferência Nacional de Mudanças Climáticas (realizada recentemente em São Paulo) avaliou que a mudança global no clima agravará ainda mais a falta de água no semiárido brasileiro.Os cientistas recomendam aos governantes ações urgentes para mitigar o problema.

A seca no Nordeste, que hoje atinge principalmente as áreas rurais, chegará às áreas urbanas, como alerta Marcos Airton de Sousa Freitas, técnico da Agência Nacional das Águas. Assim, situação que hoje já é gravíssima, pode piorar ainda mais.

Outra matéria, publicada há poucos dias por este jornal,ratifica essa previsão, ao mostrar que dos 144 açudes monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará, 84 (mais da metade) estão com volume de água inferior a 30%, entre esses, 25 estão com volume abaixo de 10% de sua capacidade.

Mas, com ou sem aquecimento global, existe a certeza de que a estiagem atinge o semiárido periodicamente.

É por isso que não se pode admitir governantes manifestando “surpresa” com o fenômeno, a exemplo da presidente Dilma Rousseff, quando esteve no Ceará, pois a seca vem se repetindo regularmente pelo menos desde o seu primeiro registro, em meados do século 16. Também é inaceitável, que o governo de um Estado pense em um aquário com milhões de litros de água, enquanto os interiores padecem da dificuldade de encher ao menos um copo.

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