Ilustração: Hélio Rôla

Ilustração: Hélio Rôla (clique para ampliar)

Meu artigo publicando na edição de hoje (10/10/2013) do O POVO.

Marinando
Plínio Bortolotti

Mais do que futebol, a verdadeira “caixinha de surpresa” é a política. Quem imaginaria Marina Silva no ninho do PSB, abrindo mão da candidatura à Presidência da República para Eduardo Campos, o governador de Pernambuco?

Diferentemente de Collor, que prometeu deixar a “esquerda perplexa e a direita indignada”, Marina deixou uns e outros sem entender nada. Afinal, o PSB não é exatamente uma sigla que reze pela bíblia ambientalista, como de resto, nenhum dos 32 partidos existentes, por isso ela queria fundar mais um. A justificativa de que a Rede Sustentabilidade foi apenas “acolhida” para ficar, digamos assim, marinando no PSB, até que possa seguir seu próprio caminho, é um tanto frágil.

Não deixa de ser um estranho caso de “entrismo” político, pois o hóspede é bem maior do que o hospedeiro. Marina é a mulher dos quase 20 milhões de votos, ficando em terceiro lugar na disputa presidencial de 2010. Agora, em algumas pesquisas, chega aos 26% das intenções de voto para a próxima corrida. Eduardo Campos é um líder regional, mal chegando a 5% nas pesquisas entre os presidenciáveis.

Porém, ele pode ter tirado a sorte grande, pois Marina já disse que o candidato a presidente será Campos, que tão generosamente a acolheu e a seus seguidores no momento em que a Rede Sustentabilidade encontrava-se na rua da amargura.

Porém, Marina corre sério risco de sair menor do que entrou: a) se Campos ganhar as eleições, muitos de seus correligionários serão seduzidos pelo doce canto do poder; b) num cenário mais negativo, a chapa Campos/Marina pode sair com uma quantidade inexpressiva de votos, pois seu apelo como vice será bem menor do que se ela fosse a candidata a presidente.

Outro efeito, esse atinge a todos, é que a sua ida para o PSB contribui para aumentar equivocada sensação de que “todos os políticos são iguais”.

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