Reprodução do artigo publicado na edição de 12/2/2015 do O POVO.

Hélio RôlaVamos falar de corrupção
Plínio Bortolotti

Toda vez que surgem notícias de malfeitos em empresas estatais, a panaceia prescrita é a privatização, como se a iniciativa privada fosse livre de todos os males. No caso mesmo da Petrobras – em que se anda receitando a venda da empresa – esquecem-se os adeptos do “mercado” que na outra ponta estão empresas privadas participando crime.

Um exemplo do mal que pode ser causado por fraudes ou má gerência em empresas privadas foi a crise de 2008, na qual os bancos construíram imensa pirâmide financeira e, no alto dela, seus executivos auferiam bônus milionários. O resultado foi milhares de americanos na bancarrota e o mundo atirado em profunda recessão. Nesse ínterim, o Estado americano foi chamado para salvar o “mercado”, injetando bilhões de dólares nos bancos para cobrir o rombo da farra irresponsável. Agora, aparece o HSBC, deixando um rastro escandaloso.

Nas companhias privadas existem (pelo menos) dois tipos de fraude: aquela em que funcionário corrupto age em proveito próprio, contra a empresa, e quando a direção comete crimes ou “ousadias” (com o dinheiro dos outros) para aumentar seus lucros empresariais, o que está acontecendo agora no contubérnio público/privado da Petrobras – e na lambança que os bancos fizeram na crise de 2008.

A diferença entre a corrupção nas empresas privadas e nas estatais (e instâncias de governo) é que nessas últimas o tumor vem a furo; nas companhias privadas os escândalos são enterrados. É louvável que a imprensa traga à publicidade os malfeitos estatais, mas seria interessante o mesmo interesse com as empresas da iniciativa privada, pois, em qualquer de suas formas, a corrupção traz traz prejuízos ao país e aos cidadãos.

Portanto, se para a corrupção nas empresas estatais, a receita é privatizá-las, qual seria o modo de salvar as companhias privadas que padecem do mesmo mal?

PS. Convido o leitor a fazer uma pesquisa na internet, com as palavra “corrupção” combinada com o termo “empresas privadas”.

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