Reprodução do artigo publicado na edição de 18/2/2015 do O POVO.
HSBC: nos porões de uma casa bancária
Plínio Bortolotti
Se você digitar “HSBC” em um motor de busca da internet, não aparecerão apenas links levando ao portal do banco ou a alguma notícia sobre juros, aplicações e outras relativas às atividades públicas das casas bancárias. Você terá a oportunidade de conhecer os porões da filial suíça do britânico HSBC Private Bank, onde ocorriam transações tenebrosas, com fraudes fiscais e lavagem de dinheiro.
Os super-milionários procuravam o banco para fugir dos impostos; a bandidagem internacional – incluindo suspeitos de terrorismo – usavam a filial do HSBC como lavandeira para limpar o dinheiro do crime. Transitaram por essa via bilhões de euros. Bilhões. O vazamento, chamado de SwissLeaks, equipara-se, em importância, à divulgação, pelo WeakLeaks, de ações secretas do Exército americano, dados recolhidas pelo soldado Bradley Manning.
O homem por trás do maior vazamento da história dos bancos é Hervé Falciani, ex-funcionário do HSBC, que diz ter ainda “mais de um milhão de bits” em dados a serem divulgados. Podem, portanto, surgir mais informações sobre os brasileiros que se valiam dessas operações ilegais. O Brasil é o quarto país em número de clientes envolvidos e o nono em volume de recursos, com sete bilhões de dólares movimentados (2006 e 2007).
Semana passada meu artigo lembrava que malfeitos não são exclusividade de empresas estatais, citando de passagem esta ocorrência. Costumo também escrever sobre a injusta cobranças de impostos no Brasil (e em boa parte dos países do mundo, como nos Estados Unidos), pois estes recaem sobre a classe média e os pobres. Agora, como se vê, os super-ricos, não se contentam com esses privilégios, apelam para operações ilegais para sonegar impostos, entesourando recursos que deveriam ser públicos.
PS. O fato mostra a importância do jornalismo independente. A reportagem revelando a fraude foi produzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, pela sigla em inglês): www.icij.org.
Plínio, o que você acha dessa notícia: http://tijolaco.com.br/blog/?p=24842? e por que esse privilégio ao portal UOL no acesso aos dados de correntistas? onde está a transparência do ICIJ?
Caro Luciano,
Com relação aos possíveis casos de censura, são lamentáveis. A respeito de somente o Uol ter acesso, é que foi um jornalista deles, Fernando Rodrigues, que trabalhou no caso, pois faz parte do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, pela sigla em inglês: http://www.icij.org/.
Agradeço,
Plínio
O que não faz sentido, Plínio, é o jornalista Fernando Rodrigues monopolizar informações desse tipo. Mais espantoso ainda é ele afirmar que só revelará o que for de interesse público. Não cabe a ele nem a ninguém, isoladamente, decidir o que é de interesse público nem muito menos decidir o que a população brasileira pode ou não saber.