Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, do O POVO, edição de 19/3/2015.

Hélio Rôla

Arte: Hélio Rôla

O início do fim dos partidos?
plinio@opovo.com.br

Pelo menos um setor do PT reconhece que o partido se meteu em uma grande enrascada, a se levar em conta a fala do ex-ministro Gilberto Carvalho (governos Lula e Dilma), em evento realizado em Fortaleza. Lembrando que Tarso Genro, destacado líder petista, já falara em “refundação” do PT, depois do vendaval do chamado “mensalão”; a conversa volta agora depois do tsunami da Lava Jato. Vejamos no que vai dar.

(Reconheça-se: existe má vontade com o PT em um setor da chamada grande imprensa e entre boa parte de seus colunistas. Mas se os petistas disso sempre souberam, deviam ter evitado dar munição para os ataques.)

Conforme relatou este jornal (edição de 17/3), Carvalho foi ao ponto: “Não adianta mais dizer que somos heróis e que tiramos 40 milhões da pobreza. Agora é reconhecer as falhas. Temos de reconhecer que nós também envelhecemos e que o vírus da velha política nos contaminou”.

Sem dúvida nenhuma, a corrupção é um problema estrutural, contaminando inevitavelmente qualquer partido que se aproxime do poder (ainda que isso não desculpe nenhum deles), a pergunta é: seria possível mudar a estrutura e manter os partidos ou estes são parte do problema? Lembrando que os partidos, são invenção uma invenção do século XIX, fortalecendo-se no século XX.

Uma das características que une as manifestações que vêm correndo o mundo neste século XXI, Brasil incluído, é a rejeição aos partidos e sindicatos (estes também oriundos do século 19), com suas estruturas verticalizadas e rígidas. Entre os jovens, começa a ganhar corpo formas de organização mais plásticas e horizontais, portanto mais complexas. Seria o embrião de um novo arranjo organizativo?

Como dizia Gramsci, o que caracteriza uma crise, é quando o velho já morreu e o novo não consegue nascer; neste interregno, dizia o marxista italiano, surge “uma grande variedade de sintomas mórbidos” (desses há de sobra).

PS. Na coluna “Menu Político”, caderno People de domingo, volto a comentar os protestos da semana passada.

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