Reprodução do artigo pulicado na edição de 10/9/2015 do O POVO.
Dilma: na quarta faixa e atrasada
Plínio Bortolotti
Mais perdido que cachorro quando cai de caminhão de mudança, o governo Dilma Rousseff tornou-se uma espécie de veículo pesado, que engata a primeira, mas logo é obrigado a dar a marcha a ré – nas medidas propostas para sair do sufoco.
Da coisa certa em hora errada, tem-se agora a proposta de criação da “quarta faixa” para cobrança de imposto de renda. Isto é, certa desde que os atingidos sejam os realmente ricos, e não a já arrochada classe média que, com salários de R$ 4,664, suporta uma alíquota de 27,5% – a mesma para quem ganha R$ 120 mil ou mais. Ainda nesse quesito, cogita-se o aumento do IR sobre a distribuição de lucros, tributados no máximo em 5%, percentual bem inferior ao que pagam assalariados com rendimentos equivalentes.
E por que são proposições fora de hora? Porque deveriam ter sido implementadas no momento em que o governo tinha popularidade e um Congresso menos revoltado. A proposta de corrigir o IR, de modo a torná-lo mais justo, por exemplo, faz parte de uma campanha antiga do Sindifisco (sindicato dos auditores da Receita Federal) chamada “10 ideias para uma tributação mais justa”, o que não interessou a Dilma e, antes, nem a Lula, que nadava em popularidade.
Pelo contrário, Lula preferiu favorecer os banqueiros, que lucraram em seu governo oito vezes mais do que na era FHC. No entanto, Dilma bateu o recorde de ambos, fazendo de seu primeiro governo o mais lucrativo para a banca. (Enquanto acusava Marina Silva, sua antagonista na campanha presidencial, de ser assessorada por uma sócia do Itaú.)
A propósito, em um momento desses, o aumento de impostos não será para fazer investimento em coisas necessárias e reduzir a desigualdade no país. O governo quer mais dinheiro para produzir “superávit primário” e pagar a dívida pública. Ou seja, é jogar dinheiro em um saco sem fundo, um sacrifício que terá como único resultado a geração de mais sacrifícios.
Dilma, portanto, está na quarta faixa e atrasada.
Plínio,
Infelizmente a presidenta não tem coragem de trilhar três atalhos para minorar o rombo das contas públicas: Taxar banqueiros, sobretaxar grandes fortunas e reduzir a máquina pública, por exemplo, aqui nos órgãos do Planalto onde mais de 20 mil cargos são de “companheiros da política” que além de salários vultosos muitos ainda têm ajuda de aluguel e nós servidores federais apenas assistimos de longe este modo de governar…