Reprodução do artigo publicado na edição de 31/3/2016 do O POVO.

Hélio RôlaO feitiço contra o feiticeiro
Plínio Bortolotti

Desde o princípio tenho dito que a exuberância de alguns integrantes do Ministério Público e da Polícia Federal e a obsessão que eles têm com alguns dos investigados (Lula em primeiro lugar) poderia comprometer a Lava a jato, pois pareceria politizada (e quando entre a política no meio o “parecer” pode ter o mesmo efeito de “ser”).

O negócio chegou ao ponto de fervura com a “condução coercitiva” de Lula (decidida pelo juiz Sérgio Moro) e pela atitude do trio de procuradores paulistas – que confundiram Hegel com Engels – ao pedir a prisão preventiva do ex-presidente.

Aqueles que achavam que as investigações poderiam seguir como uma motoniveladora, passando por cima de qualquer outra consideração e que valia tudo para “pegar os culpados”, talvez estejam pensando duas vezes depois do surgimento da “lista da Odebrecht” e da possível delação premiada de Marcelo Odebrecht. Essa mesma lista que o Jornal Nacional (Rede Globo), disse que, por um “motivo simples”, não divulgaria nenhum dos nomes nela constante, pelo fato de serem muitos (pausa para risos).

Outro fato, esse mais antigo, e que deveria ter determinado o afastamento de alguns delegados da Polícia Federal da força-tarefa, volta à tona, pois um deles, Igor Romário de Paula, quer censurar seus críticos nas redes sociais. Isso porque, na eleição de 2014, na qual Dilma enfrentou Aécio, os delegados participavam de um grupo que execrava a candidata do PT e exaltava o postulante do PSDB. O símbolo do grupo era uma imagem de Dilma com uma faixa de “fora PT” cruzando-lhe o rosto.

Agora, Igor Romário recorre à Justiça para que os perfis no Facebook, com críticas a ele, sejam removidos da rede. O delegado já perdeu a causa em segunda instância, no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Mas, se ele tinha o direito de se manifestar, como diziam seus defensores – mesmo sendo discutível, pois exerce uma função pública, que exige, prudência, temperança e respeito – a prerrogativa de seus críticos, no caso, são maiores. Por que ele se revolta?

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