Reprodução do artigo publicado na edição de 19/3/2017, seção “Farol”, do O POVO.

Vamos estatizar a JBS e a BRF?

É quase um clichê – expectorado por setores à direita no espectro político – a palavra “privatização”, quando ocorre algum problema nas empresas estatais.

No decorrer da Operação Lava Jato – quando se descobriu a Petrobras no centro de transações pouco republicanas – sobraram vozes preconizando a privatização da empresa. “Vamos deixar a iniciativa privada tomar conta do negócio; eles fazem melhor do que o Estado e sem corrupção”. Com pequenas variações era esse o trinado entoado pelos neoliberais.

Por desconhecimento histórico eles acham que a privatização é remédio para curar de bicho-de-pé a tumor na cabeça.

O fato é que a corrupção não surge por ser uma empresa estatal ou privada. A persistência dessa prática têm razões históricas, culturais e políticas, fincadas no “homem cordial”, de Sérgio Buarque de Holanda. E, ainda na falta de controle, transparência e punição para quem atravessar a linha da honestidade.

Na Lava Jato, a responsabilidade das empresas privadas ficou obscurecida, atribuindo-se o protagonismo da vilania aos políticos. Agora, no caso dessas duas gigantes privadas, não há como ver os políticos atores principais – ainda que tenham participação -, pois as empresas estão no centro indutor do malfeito.

Então, vamos estatizar a JBS e a RBF?

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