Reprodução de artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 29/6/2017 do O POVO.
Dom Camilo e seus dois presidentes
O governador Camilo Santana é uma espécie de filiado que parece estar sempre usando a camisa vermelha do PT com pelo menos dois números menores, o que lhe causa frequentes desconfortos. Por isso, talvez, suas declarações desencontradas quanto a quem apoiar como candidato à Presidência da República nas eleições do próximo ano.
Em entrevista às Páginas Azuis disse ser “simpático à candidatura” de Ciro Gomes (PDT). E firmou, em vídeo, sua defesa da “dobradinha” de Ciro com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) como candidatos a presidente e vice, respectivamente, em 2018. (Edição de 13/2/2017)
Passou-se o tempo (porém nem tanto) e, em evento do PT, o governador fez declaração conflitante com a anterior, afirmando ser o ex-presidente Lula “o grande nome do PT e das esquerdas para ser candidato a 2018”. (Edição de 23/6)
Veio a explicar a dubiedade ao repórter Carlos Mazza, não o próprio governador, mas Ciro: “O Camilo é do PT, estava em uma reunião do PT; o que ele pode dizer se um jornalista pentelho, tipo você, chega e pergunta isso para ele?” O problema é que Camilo fizera a declaração espontaneamente, enquanto discursava. Mas Ciro mandou o recado: “O que eu posso dizer é que vou apoiar o Camilo para governador e ele, naturalmente, vai saber o que fazer”. (Edição de 24/6)
Depois de uma visita a Lula, ao ser questionado sobre o seu duplo apoio, Camilo desviou-se do assunto, dizendo, que sua preocupação agora era “trazer investimentos para o Ceará”, pois “a eleição é só no ano que vem”. (Edição de 26/6).
Bom, mas Camilo terá de se decidir em tempo relativamente curto. E, na declaração de Ciro é possível ler, não um pedido, mas a exigência de que Camilo decida-se por ele. Ciro age como chefe, não como líder de um grupo político. A um líder se deve respeito, a um chefe, obediência.
Como é impossível servir a dois senhores, veremos como Camilo vai se desvencilhar do dilema criado por ele mesmo.
O Camilo foi nascido e criado no PT,mas quando pensa diferente de qualquer outro,coincidentemente sempre de um inútil , tem jeitão de tucano,como jocosamente disse o Tasso.Isso não é jornalismo.Até em casa, com nossos filhos temos que fazer opções, temos que ter tempo para pensar, e diante das circunstâncias do momento, decidimos. Porque ele tem que dizer agora quem vai apoiar? Qual o sentido disso. O estado tem pouco problemas para o governante se preocupar com uma eleição de mais de ano.Repito, isso não é jornalismo, isso é futrica.
Caro Antônio,
Agradeço pela lição de jornalismo. Quantos às perguntas, é melhor você fazê-las ao governador.
Abraço.
TRANSCREVO:
E, na declaração de Ciro é possível ler, não um pedido, mas a exigência de que Camilo decida-se por ele. Ciro age como chefe.
COMENTO:
Uma exigência?
Chefe?
Como se chegou a essa conclusão?
Será que Ciro foi exigente e chefe do irmão, CID?
Acho que nem os coronéis foram exigentes e chefes de Gonzaga Mota.
Caro Paulo,
As suas respostas estão no artigo. Por favor, faça mais uma leitura.
Abraço.