Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 27/7/2017 do O POVO.

Dallagnol: uma resposta “como cidadão”

Se o procurador federal Deltan Dallagnol estivesse unicamente preocupado com a Justiça, sem pensar no seu futuro (político), talvez se preservasse mais, optando por um caminho menos espetaculoso. Por isso, mesmo sendo temeridade fazer previsões nesses tempos que correm, vou arriscar uma.

O coordenador da Lava Jato será candidato a um cargo público, não hoje, nem amanhã, talvez. Ele é jovem e pode esperar meia dúzia de anos para não parecer oportunista. Mas, sempre precoce, pode também querer adiantar as coisas. Sendo logo ou posteriormente, tomem nota: vai vender-se como proprietário da ética, da honestidade e da Verdade, prometendo expurgar todos os pecados do mundo.

A exemplo do ministro do STF Gilmar Mendes, Dallagnol sente-se a vontade para fazer comentários políticos e a passar pitos públicos em autoridades, tal qual um parlamentar na tribuna: como fez recentemente com o presidente Michel Temer. Sim, meus amigos, se se condena o procurador de Curitiba por investir politicamente contra Lula, via Power Point; a mesma medida vale quando ele usa uma rede social para criticar Temer.

Aproveitando a justificativa de Temer para o aumento de impostos – “o brasileiro vai entender a medida” – Dallagnol responde ao presidente com um post no Facebook. Começa assim, ironicamente: “É claro que os brasileiros vão compreender o aumento de impostos”.

E emenda uma frase de 53 palavras, que precisa ser lida devagar para ser entendida: “Desviam 200 bilhões por ano praticando corrupção; deixam de aprovar no Congresso medidas anticorrupção; gastam mais do que devem inclusive via emendas milionárias para parlamentares a fim de comprar o apoio parlamentar para livrar Temer da acusação legítima por corrupção; e agora querem colocar a conta disso tudo no nosso bolso, aumentando impostos”. (Reprodução na íntegra.)

Apelando para a necessidade de “recuperar nossa dignidade”, o procurador, ameaça dar a resposta “contra os corruptos, como cidadão, nas urnas”, em 2018. Resta saber se é votando ou sendo votado.

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