Artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 2/11/2017 do O POVO.

A única saída do PSDB
Plínio Bortolotti

Parece inacreditável que um partido repleto de políticos experientes tenha se metido em uma enrascada como essa em que o PSDB se envolveu.

Uma explicação possível é que o inconformismo os tenha cegado, depois de o partido ter perdido a eleição presidencial para Dilma Rousseff. A derrota foi insuportável para a arrogância tucana – e a prepotência os levou à desgraça.

Pois, em conversa gravada com Joesley Batista (divulgada em maio), o próprio senador Aécio Neves deu o serviço, sobre os motivos que levaram o PSDB a ajuizar a ação pedindo o afastamento da chapa Dilma-Temer: “Lembra depois da eleição? Os filhas da p… (o PT) sacanearam tanto a gente, vamos entrar com um negócio aí para encher o saco deles também.”

Foi esse embalo insano – conluio do PSDB com o PMDB de Eduardo Cunha e sua tropa venal – que levou os tucanos a se abraçarem Michel Temer, selando a fortuna do partido.

Esta é a situação do PSDB, segundo pesquisa, encomendada pelo próprio partido: 75% dos brasileiros não acreditam que o PSDB eleja o próximo presidente da República (no Nordeste são 84%); nas redes sociais, 98% das menções são negativas. Em outubro, os tucanos perderam 44% dos engajamentos nas plataformas Facebook e Twitter, ficando atrás da do PT, do PC do B e do PMDB. A análise da pesquisa afirma que o único caminho para o PSDB iniciar a sua recuperação seria deixar o governo Michel Temer.

Ora, a grande questão a ser respondida pelo PSDB, é a respeito dos motivos que levaram o partido a essa aventura, que está servindo unicamente para “estancar a sangria” dos chefões do PMDB, deixando a conta para ser paga pelos tucanos. (Talvez Aécio tenha a chave do enigma.)

A propósito, o senador Tasso Jereissati está devendo uma explicação ao distinto público: porque ele entende ser Aécio Neves bom o bastante continuar como senador, porém inservível para presidir o PSDB?

PS. Dados da pesquisa na coluna “Painel”, Folha de S. Paulo (29/10/2017).

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