Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 14/3/2018 do O POVO.

Imprensa tradicional atrai os jovens

O resultado da pesquisa foi tão “contraintuitivo” que seus organizadores hesitaram em publicá-lo. Só o fizeram depois de depois de confirmar a consistência do resultado.

Uma das surpresas foi que, diferentemente das aparências, os dados mostraram que os mais jovens preferem seguir a imprensa tradicional na internet em detrimento das páginas engajadas, de direita ou de esquerda.

Tendo como base interações em 1.822 perfis de Facebook e páginas de notícias, os pesquisadores notaram outras diferenças entre os leitores dispostos à polarização do debate político e aqueles que acompanham a imprensa tradicional, que costuma apresentar as notícias de forma mais “neutra”. O estudo partiu do pressuposto que “curtir” um post comprova não apenas a leitura da página, mas também concordância com as notícias.

O maior grupo de leitores de páginas de esquerda tem mais de 50 anos (26,1%); sendo que os de direita um pouco menos idade: 30% têm entre 41 e 50 anos. Já o maior grupo de leitores de páginas da imprensa tradicional têm de 20 a 30 anos de idade (33,3%). Ou seja, enquanto o “tiozão” está trocando sopapos virtuais com seu contraponto ideológico, os jovens estão interessados em receber notícias mais objetivas. Talvez porque queiram formar seu próprio juízo a partir da informação obtida, sem esperar que alguém pense por eles.

Para o professor Pablo Ortellado, coordenador da pesquisa, os mais velhos estão mais polarizados. “Se a gente olhar para a realidade brasileira, parece que a polarização tem a ver com o PT. Para quem tem mais de 40 anos e viu o PT nascer, é bem provável que ele tenha sido uma fonte de esperança. Neste grupo, há os que estão satisfeitos com as conquistas e os que estão extremamente frustrados com a sua degeneração e limitações. Essa me parece a explicação mais razoável, já que o PT estrutura a polarização.”

O estudo foi feito pela agência Pública em parceria com alunos da ESPM-Rio e o Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai), da Usp. As informações para este artigo foram compiladas de reportagem da Pública, cuja íntegra pode ser vista aqui: https://goo.gl/gEFsAm.

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