Se você digitar “falta de vacina” no Google ou no Bing, vai encontrar várias matérias relatando a dificuldade que o cidadão contribuinte (pobre, pois os ricos estão recorrendo a clínicas particulares) está encontrando para receber a vacina contra a gripe H1N1, que pode ser letal para os grupos de risco – aqueles que têm o direito de se imunizar agora. As informações oferecidas pelas autoridades (municipal e estadual) não batem com a realidade. Nos postos de saúde, uma grande parte das pessoas volta para casa sem imunização, pela falta da vacina.

Neste sábado (5/5/2018), por volta das 8 horas chequei ao posto de saúde Paulo Marcelo (rua 25 de março, Centro). Uma longa fila já estava formada na entrada do posto, que começa a funcionar às 8 horas. Porém a informação era que a unidade ainda não dispunha da vacina, que estava “prevista” para chegar às 10 horas. A funcionária do posto, bastante atenciosa por sinal, disse que não poderia garantir que teria as doses disponíveis.

Na fila, uma senhora (com mais de 60 anos) dizia que havia passado por quatro postos, sem conseguir a vacina. Disse que iria esperar até às 10 horas na tentativa de imunizar-se. Um senhor aproxima-se de uma funcionária do posto e diz que a mãe, de 83 anos, não teria como esperar tanto tempo na fila. Pergunta se ela podia ficar dentro do posto. Seria impossível acomodá-la, disse a funcionária, pois as dependências do posto eram pequenas e não teria como acomodar todas as pessoas com dificuldade de locomoção.

Resolvi não esperar. Por volta do meio-dia fiz várias ligações para o telefone do posto, para saber se as vacinas haviam chegado ou não: a linha estava ocupada direto. (Atualização: matéria publicada no portal informa que as vacinas chegaram no horário previsto, o que não atenua as críticas feitas aqui, pois os problemas continuam.)

Uma senhora escreveu para o Wathsapp da rádio O POVO/CBN para informar que, pela “oitava vez”, estava em fila de postos de saúde. Neste sábado, tentava o posto do bairro Meirelles, onde esperava há horas “em pleno sol”, junto com crianças e pessoas idosas, em pé, na fila. Segundo ela, ao sugerir à gerente do posto que adotasse a distribuição de senhas, a resposta foi que esperassem na fila. Aqui o negócio piora mais ainda, pois além da falta de vacina, faltou também um pouco de consideração.

Mas o fato é que as autoridade municipais, estaduais e federais, têm de resolver esse problema, oferecendo condições decentes para as pessoas se vacinarem. É inadmissível que isso venha acontecendo, pois são conhecidos os perigos que correm as pessoas ao se contaminarem com a H1N1, principalmente as dos grupos de risco.

Não bastasse a desorganização geral, um fato que talvez pouca gente saiba: o calendário de vacinação nacional tem como base o estado de São Paulo, cujo inverno começa em maio/junho, por isso a imunização inicia-se agora. Pois, quando vírus começa a circular com mais intensidade em São Paulo, eles já estão imunizados (para fazer efeito, a vacina demora de duas a a quatro semanas). No entanto, residentes do Nordeste, que têm o  “inverno” (quadra chuvosa) iniciado em fevereiro, começam o período de maior circulação do vírus sem imunização. O mais correto seria cada região ter um período diferente para campanha de vacinação. Por que isso não é feito?

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O leitor Remo deixou comentário afirmando que esteve no posto de saúde Irmã Hercília Aragão (São João do Tauape) por duas vezes, para levar a mãe (mais de 60 anos) e a esposa (grávida), sendo atendido sem atropelos. No domingo (6/5) estive lá, chegando quase às 17 horas e também fui rapidamente atendido. As funcionárias, todas elas, muito educadas. (Atualização às 19h34min, 6/5/2018)

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