Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião, edição de 10/5/2018 do O POVO.

Calendário de vacinação privilegia São Paulo

No dia 5/5/52018 escrevi em meu blog texto criticando as dificuldades que grupos de risco vêm enfrentando para receber a vacinação contra o vírus H1N1 nos postos de saúde da Prefeitura. Em seguida este jornal publicou editorial (7/5/2018) cobrando mais organização do governo no enfrentamento a essa gripe, que pode ser fatal.

Em seguida, na edição de ontem, Daniele Rocha Queiroz Lemos, coordenadora de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Ceará publicou artigo relacionando os feitos do Estado no enfrentamento à influenza. A coordenadora diz que o vírus circula em “nosso território” desde 2009, há nove anos, portanto. Tempo suficiente para pensar alguma coisa mais efetiva contra o mal.

Uma medida simples e efetiva é a sugerida pelo médico sanitarista Carlile Lavor. Eles diz que o calendário de vacinação nacional segue os interesses do estado de São Paulo, cujo inverno começa em junho, período de maior circulação do vírus no Sudeste. Como a vacina demora de três a quatro semanas para fazer efeito, os paulistas chegam ao período crítico já imunizados. Porém, para os nordestinos, cujo “inverno” inicia-se em fevereiro, a vacinação ocorre quando o vírus já está fazendo vítimas.

Para Carlile – coordenador da Fiocruz no Ceará, criador do programa Saúde da Família – as campanhas deveriam começar em datas diferentes, de acordo com as necessidades de cada região. Suponho que o governo federal siga o calendário Sul/Sudeste por burrice ou preconceito, pois a suposta “economia” de uma campanha única não compensa as despesas advindas da doença instalada.

O fato é que nunca se viu nenhum governador, secretário de saúde, prefeito ou parlamentar nordestino reclamando dessa discriminação. Que tal começar a pressão, desde agora, para que a campanha de vacinação contra a gripe no Nordeste comece em dezembro ou, no máximo, em janeiro de cada ano?

PS. Falta vacina; falta organização ou as duas coisas?; Editorial; Ceará garante plano de enfrentamento à influenza.

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