Moro, Galloro e outras “autoridades”
A entrevista do diretor da Polícia Federal, Rogério Galloro, ao jornal O Estado de S. Paulo (12/8/2018) é reveladora de como agem certas autoridades. É assustador ler que o juiz Sérgio Moro pressionou o diretor a cumprir “logo” o mandato da prisão de Lula, quando ele estava no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cercado por uma multidão de simpatizantes.
O diretor sabia que uma invasão teria consequências imprevisíveis, pois com “multidão você não tem controle (…) e eu vi que ali poderia acontecer uma desgraça”, disse, referindo-se à primeira tentativa frustrada de Lula sair do prédio.
Galloro diz que estava com trinta agentes armados da Polícia Federal, mantendo tensas negociações com os representantes de Lula. Nessa circunstância o que ele menos precisava era da insensata pressão de Moro.
Porém, na mesma entrevista Galloro dá-se o direito de estabelecer qual seria o limite da crítica à “autoridade”. Após o suicídio do reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, em decorrência de investigações da PF, professores da universidade passaram a realizar protestos, nos quais levam a seguinte faixa: “Autoridades que cometeram abuso de poder e mataram o reitor”, com fotos dos supostos responsáveis pelo acontecimento. Devido a isso, Galloro justifica o inquérito aberto contra um professor por “crime contra a honra”, uma versão sofisticada do “desacato à autoridade”, negando que isso seja pressão contra a universidade. (Até hoje nenhuma irregularidade atribuída a Cancellier foi comprovada.)
Mas, ainda a propósito de Moro: ele vem sendo apresentado como futuro ministro da Justiça pelo candidato Álvaro Dias (Podemos), em eventual vitória. Moro disse que qualquer manifestação dele seria “inviável no momento”, pois “a recusa ou a aceitação poderiam ser interpretadas como indicação de preferências políticas partidárias, o que é vedado para juízes”.
Sr. juiz Moro, tenho uma forma de resolver o seu problema. Responda que proíbe a inclusão de seu nome no programa de qualquer candidato. Se alguém desobedecer, como o sr. é um juiz criativo, poderá enquadrar o recalcitrante no art. 20 da lei 10.406 do Código Civil.
Quanto ódio ao Moro……
Quanto amor ao Moro…
Bom dia Bortolotti. Havia uma clara construção da situação de risco, pelo PT, que estava se agravando conforme as horas passavam. Como você solenemente ignorou isso (me surpreenderia se levasse isso em conta), a ordem de execução breve da prisão soa irresponsável mesmo. Agora me diga, sobre o interesse ou não do Juiz em ser ministro, qualquer resposta que ele apresentasse seria explorada negativamente por você aqui não é mesmo? De fato, parece que o Francisco Galvão tem alguma razão! Só para responder logo a qualquer resposta sua, não especulo as boas/más intenções de ninguém. O fato que me pego é que o Juiz que você tanto despreza fez mais pela prisão de corruptos que qualquer outra autoridade. Por mais que possam haver erros e exageros (que até então não comprometeram em nada os processos – vide TRF4, STJ e STF), o saldo é altamente positivo para o país e terá reflexos no futuro. Pena que aquele em que votei duas vezes e admirava tanto tomou o rumo errado para poder governar, achando-se onipotente. Foi pego e está esperneando. Que pague pelos erros.
Caro Ricardo,
Não fiz um balanço da atuação do juiz Sérgio Moro, a quem não prezo nem desprezo, vejo-o como um funcionário público que tem de prestar contas de seus atos à sociedade. Se o meu texto causou-lhe incômodo, saiba que a minha intenção é exatamente esta: levar à reflexão. Por mais que se admire Sérgio Moro, seus erros têm de ser apontados, pois “quando todo mundo está pensando igual, ninguém está pensando”.