O governador Camilo Santana, candidato à reeleição, faltou ao debate promovido pelo Sistema Jangadeiro, no dia 22/8/2018. A justificativa oficial pela ausência, enviada à emissora, é que o governador tinha compromisso inadiável, no BNDES, no Rio de Janeiro. Críticos afirmam que ele não quis se expor, pois está à frente nas pesquisas, distanciado dos adversários, que o escolheriam como alvo preferencial.

Mas é preciso observar que disputar no campo do adversário é sempre desvantajoso, seja na política ou no futebol. Por isso, qualquer crítica ao governador Camilo Santana (PT), por ter faltado ao debate promovido pela Jangadeiro, tem de levar em conta este aspecto: a emissora não é uma arena neutra, pois controlada pela família do senador Tasso Jereissati (PSDB), que tem o mando de campo.

Com certeza, o senador não estabeleceu os termos do debate, pois os critérios foram negociados com representantes dos candidatos, mas é inegável sua influência na programação da emissora. O general Theophilo, promovido por Tasso, terá o mesmo tratamento que os demais candidatos? Durante o mandato de Camilo, a cobertura da emissora foi isenta?

A Jangadeiro fez um duro editorial, lido pelo jornalista Nonato Albuquerque, no qual “lamentou” o “púlpito vazio”, que deveria ser ocupado por Camilo. Acusou o governador de achar “que não deve satisfação aos cearenses”, mostrando-se “indisposto ao diálogo”, desrespeitando “sobretudo você, o público”. No entanto, a explicação de Camilo para a sua ausência não foi citada.

A Jangadeiro é uma boa emissora. O problema é que a cada dois anos vai-se a voto no Brasil – e o senador Tasso Jereissati tem sempre papel preponderante nas eleições do Ceará.

Ressalve-se: a crítica não se dirige jornalistas da Jangadeiro, que tem de ser respeitados, trata-se da análise de um fato.