Reprodução do artigo publicado na edição de 11/4/2019 do
O POVO, editoria de Opinião

Brasileiro quer país mais igualitário

Pesquisa da Oxfam Brasil, realizada em conjunto com o instituto Datafolha, revela que o brasileiro se distancia do “liberalismo”, pelo menos aquele que prega o cada um por si e deus pelos ricos, no modelito “Estado mínimo”.

Os entrevistados, quando questionados sobre a meritocracia, disseram duvidar (58%) que o trabalho iguale as chances dos mais pobres. E 51% não acreditam que a educação equaliza as oportunidades de as crianças mais pobres terem sucesso na vida.

O estudo revela ainda que 86% dos consultados acreditam que o progresso do Brasil está condicionado à redução de desigualdade entre pobres e ricos. E, para 84%, a obrigação de diminuir essa diferença cabe aos governos.

Ao contrário dos que apregoam não existir racismo no Brasil, as pessoas estão cada vez mais conscientes de que o preconceito faz parte do cotidiano, com 52% concordando que os negros ganham menos simplesmente pelo fato de serem negros. Além disso, para 71% a Justiça é mais dura com negros e, para 45%, a cor da pele influencia em uma abordagem policial. Ao mesmo tempo, 64% afirmam que o fato de ser mulher impacta negativamente a renda.

Os brasileiros também percebem claramente a injustiça fiscal que campeia no País, pois 77% defendem o aumento dos impostos de pessoas muito ricas para financiar políticas sociais. E que os impostos, para 94% dos entrevistados, devem beneficiar a população mais carente. Os brasileiros também têm consciência que a saúde deve ser um direito garantido pelo Estado, com 73% defendendo a universalidade do tratamento em postos e hospitais, o que já é garantido desde a Constituição de 1988, via SUS.

A percepção dos problemas, entretanto, não se traduz em esperança: 57% dos entrevistados acreditam que as desigualdades permanecerão nos próximos anos.

Porém, a continua sendo componente expressivo na cultura da maioria: dois em cada três brasileiros elegem, pela ordem, ter “fé religiosa”, “estudar” e “acesso à saúde” como as três prioridades para uma vida melhor.

Clique para ver o relatório completo Desigualdade no Brasil e a metodologia da pesquisa.