Reprodução do artigo publicado na editoria de Opinião do O POVO, edição de 16/5/2019.
Rodrigo Maia e o colapso social
No governo do presidente Michel Temer (MDB) foram aprovadas a reforma trabalhista e a PEC do Teto dos Gastos, que congelou as despesas públicas por 20 anos, medidas apresentadas como palavras da salvação.
As mudanças profundas nas leis trabalhistas, seus defensores diziam, teriam o condão de gerar entre dois milhões de postos de trabalho em dois anos ou “mais de seis milhões de empregos”, conforme declarou o então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Agora, já está na praça a mesma conversa mole a respeito da reforma da Previdência: “Governo prevê a criação de oito milhões de empregos em quatro anos”. Acredite quem for tolo.
Quanto ao teto de gastos, era urgente para equilibrar as contas públicas, pois o Brasil, como “qualquer família”, não pode “gastar mais do que arrecada”. (A comparação com uma família é esdrúxula, pois são coisas diferentes. Os EUA devem o equivalente a mais de 100% de seu PIB; o Japão supera os 200%.)
Na verdade, o que estava por trás da ânsia de se aprovar o teto dos gastos, era a necessidade de continuar pagando juros extorsivos de uma dívida pública de R$ 3,7 trilhões a bancos e grandes fundos de investimento. Dinheiro sangrado dos cofres públicos, sem que nenhum governo tivesse a coragem de, ao menos, submeter essa papelada a uma auditoria para verificar o tamanho real do abismo.
Mas, ora, vejam só quem já está buscando vacina para as previsões dos curandeiros econômicos: Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados. Ele está em Nova York, a trabalho, e afirmou – conforme registrou a Agência Câmara – que o limite imposto pelo teto de gastos, em combinação com a falta de crescimento econômico, pode levar o Brasil a um “colapso social” nos próximos anos. Ele também duvidou da capacidade de a reforma da Previdência “ressuscitar a economia”, devido ao problema da excessiva rigidez orçamentária. Para ele, será preciso ampliar o dispêndio governamental após a reforma e, para isso, há de se rever o teto de gastos.
Maia procura distanciar-se dos efeitos que uma medida que seu partido apoiou, pois o desastre recai agora sobre um governo do qual é aliado.
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Corrigido às 9h40min do dia 16/5/2019. Antes estava grafado o nome “César Maia”; confundi o pai com o filho. O alerta foi do leitor Emilson, a quem agradeço.
Plinio:
César Maia ou Rodrigo Maia? O título do artigo fala de um e no texto fala em outro. Entendo que o artigo esteja falando de Rodrigo Maia. Vale a correção.
o Plínio acertou bem no alvo nesta … os dois são belas porcarias.
Plinio:
Cesar Maia ou Rodrigo Maia? O título do artigo fala de um e no texto fala de outro. Entendo que o artigo esteja se referindo somente a Rodrigo Maia. Vale a correção. Abraço.
Olá, Emilson, agradeço demais, já fiz a correção aqui no blog.
Concordo em número, gênero e grau.Vou repetir o que já disse em outras ocasiões Plínio,quando vc escreve com sensatez e fugindo daquela coisa chata de necessariamente ter um lado,comum para muitos,vc prova que é um jornalista de mão cheia,sem dever nada a ninguém.Outro dia li um artigo seu que não era sobre política,digno de aplausos.Ta vendo como dá pra ser brilhante,expor sua opinião e não ser tendencioso,partidario,etc.Grande abraço.
Se jogarem a lona vira circo, se cercarem vira hospício, eu acho que tal pai tal filho, agora não dá mais prá esconder é mexer nesse vespeiro, MP RJ fez com zelo pela coisa ao condenar e botar na cadeia 10 deputados só lamento dizer que prá tirar un 10 teria que que estar preso 12 justamente o Flávio bolsonaro e Fabrício Queiroz.
Plinio, precisa ver isso:
https://youtu.be/3ILi0JOdLbU
O que acha?
Afora outros absurdos chega a ser hilário que um cara que passou a vida inteira na Rede Globo venha a criticar “as grandes redes”.
complicado esta análise … o que poderia ocorrer sem a tal lei de congelamento das despesas públicas? o espertíssimo Temer congelou mas se autorizou a dois incomensuráveis deficit’s públicos de mais de $ 100 bilhões e este ano está previsto um de mais $ 140 bilhões que o atua governo que não o pariu sabe só vai agravar a situação esta a realidade cruel … o erro do governo foi iniciar querendo reformar a previdência e pior colocando os coitados trabalhadores do finado INSS no mesmo barco do setor público que é onde está o pepinaço fatal … houvesse um estrategista sério no governo deveríamos primeiro fazer a reforma tributária e a partir dela e ano que vem a previdenciária … criar um monte de empregos se cria todo ano mas no caso se perde outro tanto e aí o bicho pega a sério.