Desde o ano 2000, o fortalezense se acostumou a ver, em período de campanha para prefeito, uma figura de perfil excêntrico pedir votos para tentar comandar a Capital. Com suas frases de impacto e voz imponente, Moroni Torgan (DEM) conquistou, quase que na mesma proporção, apoiadores e críticos vorazes.

Os elogios vinham daqueles que pensam que o Executivo municipal pode sim ter um papel mais destacado no combate ostensivo à violência. Os ataques sobravam daqueles que acreditam que a real segurança pública passa pela construção de ações sociais interrelacionadas. Moroni até que tentou elaborar uma imagem mais “paz e amor”, chegou a “pedir a caneta” para provar que tinha condições de mudar a situação da Cidade, mas não deu muito certo. Amargou seus piores resultados nas últimas disputas, chegando a ficar em quarto lugar nas eleições de 2012.

Em 2014, entretanto, voltou a encarnar o melhor estilo “xerifão”, consagrando-se o candidato a deputado federal mais votado do Estado. Caso fosse novamente candidato à Prefeitura de Fortaleza, sem sombra de dúvidas seria um nome de peso. Mas parece mesmo que após quatro derrotas consecutivas, Moroni se convenceu que seu melhor lugar é no Parlamento. Há quem cogite que ele possa ser o candidato a vice na chapa do prefeito Roberto Cláudio (PDT), mas é uma chance muita remota. Quem trocaria todos os holofotes de uma Câmara dos Deputados para ser apenas peça secundária de uma gestão? E, definitivamente, Moroni não teria como ser apenas um elemento “figurativo”, depois de todo o histórico acumulado.

A dúvida, a partir de agora, é saber para onde irá migrar a considerável parcela de votos que se mantém fiel ao deputado. À primeira vista, ela teria a candidatura de Capitão Wagner (PR) como caminho mais provável. Entretanto, caso o DEM confirme aliança com RC, aumenta a probabilidade de divisão desses sufrágios, principalmente se Moroni sair em campo para calibrar a campanha do atual prefeito, tornando-se um de seus principais cabos eleitorais, com expressiva influência da periferia de Fortaleza.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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