O deputado Capitão Wagner (PR) anunciou que irá acampar a partir desta quinta-feira, 24, em frente ao 5º Batalhão da Polícia Militar do Ceará, no Centro de Fortaleza. A ação ocorre em protesto contra a prisão no quartel de 44 policiais militares acusados de participação na chacina da Grande Messejana, que deixou 11 mortos em novembro de 2015.

Desde a semana passada, o vereador eleito Soldado Noélio (PR) já acampa no local. Segundo ele e Wagner, os 44 PMs – presos desde agosto deste ano – estão sendo punidos “injustamente”. “Imagine você ser acusado de um crime que não cometeu e por isso ser impedido de estar com a família. Não podemos aceitar isso”, diz Wagner.

“Muitas pessoas estão aderindo e se solidarizando aos policiais que estão presos apenas por estarem de serviço próximo ao local do crime. É muito importante que a sociedade saiba que muitos dos policiais que estão presos no 5º Batalhão são inocentes”, diz ainda Wagner, que pede presença da sociedade no ato.

Famílias e MP discordam

A versão, no entanto, é diferente da apresentada pelas famílias das vítimas, pelo Ministério Público do Estado (MP-CE) e pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD) da PM. Em processo de 16 volumes, mais de cinco mil páginas e que ouviu mais de 33 testemunhas, a investigação aponta indícios de execuções “sumárias e aleatórias”.

Segundo o MP, a chacina iniciou como retaliação ao assassinato do soldado Valtemberg Serpa, ocorrida na véspera da ação. Diante do insucesso na localização de alvos preferenciais, dificultada pelo esvaziamento das ruas na hora do crime, as vítimas passaram a ser escolhidas de forma aleatória, ainda segundo o Ministério Público.

Quase todas as vítimas tinham menos de 20 anos, tendo apenas duas elas passagens pela polícia – uma por acidente de trânsito e outra por não pagamento de pensão. O MP afirma ainda que existem provas suficientes para condenar os acusados. Entre as testemunhas de acusação, estão inclusive um sargento e um policial da PM.

Identificação

A defesa dos PMs afirma, no entanto, que não existem provas individuais contra nenhum dos acusados, que não foram reconhecidos pelas testemunhas. O MP contesta, afirmando que, durante a ação, os autores da chacina estavam encapuzados.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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