Cid e Eunício são ex-aliados políticos.
Foto: Iana Soares/O POVO

A delação premiada do empresário Wesley Batista, um dos sócios da JBS, aponta os cearenses Cid Gomes (PDT), ex-ministro da educação, e Eunício Oliveira (PMDB), presidente do Congresso Nacional, como beneficiários de propina.

No caso do ex-governador do Ceará, o delator afirma que ele teria recebido R$ 20 milhões em troca de liberação de créditos de ICMS. Já o senador Eunício foi acusado por Ricardo Saud, um dos executivos da companhia, de ter recebido a quantia de R$ 5 milhões pela atuação em uma Medida Provisória que disciplinava créditos de PIS/Cofins. As informações são do O GLOBO.

Em nota, Cid negou ter recebido recursos da JBS. “Repudio referências em delação que atribuem a mim o recebimento de dinheiro. Nunca recebi um centavo da JBS. Todo o meu patrimônio, depois de 34 anos trabalhando, é de 782 mil reais (IRPF2016), tendo sido duas vezes deputado, duas vezes prefeito e duas vezes governador”, disse.

Por meio de nota, o senador Eunício Oliveira afirmou que os diálogos relatados pelo delator são “imaginários, nunca aconteceram, são mentirosos, como é possível constatar na prestação de contas do diretório nacional de PMDB ao TSE”.

“No ano de 2013 não há doações ao partido conforme diz o delator, como é possível constatar nas prestações de contas do diretório nacional, que são públicas e podem ser verificadas nas declarações ao TSE. Como relator revisor, o senador recebeu representantes do setor sim, como é absolutamente normal em casos de relatoria. O senador Eunício Oliveira não usa e nunca usou suas funções legislativas para favorecer empresas públicas ou privadas”, continua.

O presidente do senado confirma o recebimento dos recursos da JBS, mas defende que foram doações legais registradas na justiça eleitoral.

Citações

A delação inclui ainda governadores e ministros. No caso de Gilberto Kassab, ministro de Temer, foi citado por Wesley Batista, um dos sócios da empresa, e pelo diretor Ricardo Saud, como beneficiário de dinheiro irregular. O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), também aparece nos documentos como recebedor de cerca de R$ 150 milhões entre 2007 e 2016.

Os governadores Fernando Pimentel (PT-MG), acusado de receber R$ 3,6 milhões, e Robinson Faria (PSD-RN), acusado de ter recebido R$ 5 milhões, também são citados. Os primeiros conteúdos da delação dos empresários, divulgados na última quarta-feira, 17, causaram uma profunda crise política no País e ameaçam derrubar o presidente.

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Wagner Mendes

Repórter do núcleo de política do O POVO wagnermendes@opovo.com.br

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