Diversos deputados saíram em crítica à liberação de bebidas em estádio, gerando debate (Foto: Evilázio Bezerra/O POVO)

Diversos deputados saíram em crítica à liberação de bebidas em estádio, gerando debate (Foto: Evilázio Bezerra/O POVO)

Diversos deputados estaduais saíram nesta quarta-feira, 4, em críticas ao projeto que libera venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol. A proposta, atualmente em tramitação na Assembleia, foi dos assuntos que mais polarizou deputados durante a sessão.

“Querer dizer que o álcool no estádio não causa violência é uma falta de sensibilidade e racionalidade enorme”, disse Mirian Sobreira (PDT). O debate tomou o plenário após o deputado Fernando Hugo (PP) subir à tribuna cobrar “sensibilidade” na análise da medida. “A cerveja não é a única responsável, mas tem significativa contribuição para isso”, diz.

Hugo afirma que é um erro comparar o comércio de bebidas em estádios e em festas. “A animosidade nestes eventos não é de confronto, de adversidade e até inimizade como acontece nos estádios”, diz. Dr. Santana (PT) corrobora: “O álcool de forma geral é elemento que contribui para aumento da violência. Imagine em uma situação de nervos a flor da pele”.

Ferreira Aragão (PDT) concordou e também criticou a comparação com situações festivas. Já Dra Silvana (PMDB) afirmou que o esporte deveria “estimular boas práticas e exemplos” e cobrou a proibição da venda. “O esporte deve ser ensinado como um caminho de libertação das drogas, de desfrutar do espetáculo, e o álcool é a droga que mais mata”, diz.

Outro lado

Outros parlamentares rebateram argumentos dos colegas. O deputado e ex-secretário do Esporte do Ceará, Gony Arruda (PSD), destaca pesquisas que apontam apoio de 90% dos frequentadores de estádios para a liberação das bebidas. “Todos sabemos dos efeitos do álcool, mas porque só o futebol é alvo desta proibição?”, questiona.

Ely Aguiar (PSDC) também destacou que a maioria dos episódios de violência registrados no entorno de estádios não possuem relação direta com o consumo de álcool. “Estes confrontos ocorrem porque determinados indivíduos ligados a torcidas organizadas marcam previamente encontros no entorno do estádio para se agredirem, independentemente da bebida”, diz.

Presidente do Ceará Sporting Club e líder do governo na Assembleia, Evandro Leitão (PDT) é um dos mais ativos defensores da liberação na Casa. Para ele, a liberação incentivaria maior compra de ingressos para partidas, além de gerar empregos e renda nas arenas esportivas.

“Durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas, foi permitida a venda de bebidas. Será que é o poder econômico que define se pode ou não haver a venda? Será que só porque a pessoa é pobre que tomar cerveja vai estimular a violência?”, questiona.

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Carlos Mazza

Repórter do núcleo de Conjuntura do O POVO. Jornalismo de dados, reportagens investigativas, bastidores da política cearense. carlosmazza@opovo.com.br / Twitter: @ccmazza

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