Eunício durante convenção do PSD, nesta sexta. (Foto: Gustavo Simão/ Especial para O POVO)

Eunício Oliveira (MDB) oficializa neste sábado, 4, sua candidatura a senador. Ele é o elo mais fraco da aliança governista. Ficou fora da coligação formal. Não é fácil derrotá-lo, mas é mais provável que isso ocorra do que a derrota de Camilo Santana (PT) ou Cid Gomes (PDT). A oposição sabe disso e irá mirar Eunício.

Ele é o elo mais fraco não apenas pela informalidade da aliança. É, no Ceará, a principal personificação do governo de Michel Temer (MDB), cuja impopularidade é recorde. Foi sua força no Palácio do Planalto que Camilo e ele se aproximaram. O governador precisava abrir portas em Brasília.

A aliança governista no Ceará é produto do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Não tivesse Temer chegado ao poder, Camilo não teria dificuldade de relacionamento nos ministérios, Eunício seguiria na oposição no Ceará e sabe-se lá qual cenário teríamos para estas eleições.

A ligação com Temer é um fardo a carregar. Quando Eunício fala de “Lula livre” na convenção do PSD, o gesto é mais uma tentativa de atrair a simpatia do eleitorado lulista do que uma forma de contribuir para a libertação do ex-presidente.

Assim, o senador está nos dois extremos da polarização política no Brasil. Acaba conseguindo desgaste dos dois lados.

Vantagens de Eunício e obstáculos possíveis

Claro, Eunício tem muitas vantagens: tempo de rádio e televisão, estrutura de apoio, prefeitos, deputados, a aliança com o governador. E a presidência do Congresso Nacional, caramba. Tudo isso faz dele favorito a uma das vagas, ao lado de Cid Gomes.

O problema é se um dos oito outros adversários crescer. Se a aliança informal será obstáculo ou não, dependerá do desempenho, sobretudo Luís Eduardo Girão (Pros) e Mayra Pinheiro (PSDB).

Girão ficou famoso como presidente que não deixou o Fortaleza morrer na série C. Mas, não é no futebol que busca eleitores. Tem discurso de apelo religioso e inclinação conservadora. Algo muito em voga por esses dias. Trata de temas como combate ao aborto e contra a descriminalização das drogas. São bandeiras que podem lhe impulsionar na campanha.

Mayra foi presidente do Sindicato dos Médicos. Teve atuação forte na saúde, assunto apontado como maior preocupação dos eleitores. Porém, ganhou visibilidade lá atrás pela mobilização contra o Mais Médicos, de forma que a memória da questão passou a lhe causar constrangimento. Também tem potencial de crescimento. A dúvida é quanto.

Na mira da oposição

Outros partidos de oposição também miram Eunício. Ailton Lopes, candidato a governador do Psol, tem feito postagens murando Eunício nas redes sociais. A Rede, por exemplo, só irá disputar cargo majoritário para o Senado, com João Saraiva. Também mira Eunício.

Não se sabe o quanto a campanha no Ceará irá esquentar. Porém, caso se revele competitiva, onde isso deve ser sentido primeiro é na briga pela segunda vaga no Senado.

Vale lembrar: por mais de 50 anos, o candidato eleito para governador no Ceará levava juntos os senadores. A tradição foi quebrada na última eleição.

O paradoxal é que a eventual derrota do presidente do Congresso Nacional irá ecoar pelo País, recebida como derrota do grupo que sustenta o governo Temer – identificado no Ceará com a oposição.

Confira todas as chapas que disputam Governo e Senado no Ceará

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Érico Firmo

Colunista de Política e editor do O POVO

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