Jair Bolsonaro (PSL) durante participação no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, em 30 de julho (Foto: reprodução da TV)

No debate de hoje na Band, o primeiro de uma série de dez, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) deve polarizar com Ciro Gomes (PDT), que tem chamado o militar para a briga e está mais bem colocado nas pesquisas do que Geraldo Alckmin (PSDB)?

Ou o capitão da reserva vai mirar a artilharia no ex-governador tucano, com quem disputa terreno na centro-direita, e ignorar o ex-ministro cearense, mais hábil e ferino com as palavras?

As armas e estratégias de cada postulante para o confronto de logo mais são diferentes e variam conforme o tipo de público que pretendam atingir.

Certo é que, numa eleição fragmentada, com recursos concentrados nas grandes estruturas e pouco tempo de exposição (serão apenas 34 dias de propaganda gratuita na TV), o debate televisionado é oportunidade crucial para fixar uma marca no eleitorado e garantir passaporte para o segundo turno.

Sobretudo para nomes cujo espaço na campanha será diminuto. Caso de Bolsonaro, Ciro e Marina Silva, da Rede, que lideram o pelotão de frente nos levantamentos de intenção de voto nos cenários sem Lula (PT).

Marcado para as 22 horas, o programa desta quinta-feira servirá de termômetro para a corrida ao Planalto, que começa efetivamente em uma semana, dia 16/8.

Nesta largada, Ciro tem o desafio de amenizar a imagem de destemperado que passou a cultivar ainda em 2002 e se agravou em 2018 com a generosa colaboração do próprio candidato. O ex-ministro fará a linha “paz e amor”? Ou, instado pelos adversários, vai se mostrar previsivelmente virulento?

Ainda patinando nas pesquisas, inclusive em São Paulo, estado governado por tucanos há mais de duas décadas, Alckmin vai escolher um interlocutor preferencial (Marina ou Álvaro Dias, por exemplo), de modo a driblar um franco-atirador (Bolsonaro) e um oponente mais forte (Ciro)?

Ou, como tem feito até aqui em sabatinas e entrevistas, pode explorar a bandeira de que é preciso unir o país, apresentando-se como o único candidato capaz de contornar as feridas da “polarização”?

E Marina, deve reforçar a tese de que representa a terceira via propositiva, reiterada até mesmo na escolha do vice Eduardo Jorge?

Ou, escapando ao roteiro que se espera da ex-senadora, pode eventualmente subir o tom das críticas, ajustando a alça de mira nos malfeitos denunciados pela Lava Jato que atingem boa parte dos seus concorrentes?

Sem um candidato do PT, Guilherme Boulos (Psol) vai se limitar a falar para nichos da esquerda, dentro da retórica de denúncia do “golpe” que até o partido da ex-presidente Dilma Rousseff resolveu deixar de lado?

Ou, aproveitando essa lacuna, vai tentar posicionar-se como alternativa entre discursos que requentam velharias da política, quem sabe mostrando-se como “o novo”?

Embora as combinações sejam muitas (os candidatos vão se interpelar diretamente 64 vezes em cinco blocos, fazendo perguntas e respondendo), o mais provável é que Ciro e Alckmin se revezem na tentativa de polarizar com Bolsonaro, que encabeça as pesquisas.

E aí mora o risco para ambos: o capitão da reserva sai-se costumeiramente bem quando convidado a entrar na arena do improviso. Via de regra, produz boutades que caem no gosto do eleitorado e viram piada na internet, como provou a sabatina da GloboNews na sexta da semana passada.

Que estratégia os principais adversários do militar prepararam para enfrentá-lo pela primeira vez cara a cara na TV?

Participam do debate de hoje os candidatos Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede).

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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