Rosa Weber presidiu a sessão extraordinária do TSE que barrou a candidatura de Lula nessa sexta-feira (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Goste-se ou não dela, a decisão do TSE põe fim a uma etapa artificiosa da campanha à Presidência.

A partir de agora, as cartas estão à mesa. Sem Lula na parada, cabe a Fernando Haddad (PT) tentar carrear os votos do petista a seu favor, impulsionando sua candidatura, sobretudo no nordeste, onde o petista é relativamente desconhecido.

É um choque de realidade para o eleitor, mas também para os candidatos.

Afinal, com a inelegibilidade do ex-presidente sacramentada por 6 votos a 1 na Corte Eleitoral, ainda que caibam recursos ao STJ e ao STF – e eles virão às pencas -, vale então o que está decidido.

E o que se decidiu, a partir do voto-guia do ministro Luís Roberto Barroso, seguido por seus colegas de toga, foi que, além do indeferimento da postulação, a substituição de Lula por outro candidato tem  de ser feita num prazo de dez dias.

Nesse período, o PT não terá direito a participar da propaganda eleitoral, salvo se o partido formalizar já na próxima segunda-feira mesmo o nome do atual vice como titular da chapa.

Atualização: ainda na madrugada deste sábado, o TSE refez parte do voto de Barroso, liberando a propaganda eleitoral com Haddad, de modo que, mesmo que não encabece formalmente a chapa, o petista vai estampar a peça publicitária do partido.

Resumo da ópera: a eleição é outra. Não apenas por causa do início do horário eleitoral gratuito hoje, mas sobretudo porque o quadro de candidatos se estabiliza.

Embora beirassem a zero as chances reais de que o ex-presidente participasse das eleições, muito do discurso de campanha do PT se sustentava nessa ideia algo fantasiosa de que a sigla conseguiria reverter a condição do petista no âmbito judicial.

Para os adversários de Lula, o voto do TSE deflagra o início da disputa pelo espólio do candidato.

E ele não é pequeno. Mesmo rateado, é suficiente para decidir as eleições, seja a favor de Haddad, seja de Marina Silva (Rede) ou de Ciro Gomes (PDT), dois dos principais beneficiados com os votos lulistas.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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