Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) participam de debate entre os presidenciáveis na Record (Foto: reprodução)

O senador Eunício Oliveira (MDB) foi o pivô de uma das discussões mais tensas entre os presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT), nesse domingo, durante o penúltimo debate entre os candidatos ao Planalto.

No encontro, realizado pela Rede Record, Haddad foi questionado por Guilherme Boulos (Psol) sobre alianças do petista com Renan Calheiros em Alagoas e Eunício no Ceará – ambos votaram a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

Em resposta, o ex-prefeito de São Paulo tentou dividir a responsabilidade com Ciro ao dizer que Eunício era apoiado por PT e PDT no Ceará, estado governado por Camilo Santana (PT).

Ciro, então, aproveitou uma pergunta que Haddad lhe havia feito sobre educação para rebater.

“Vetei acordo do meu partido”, disse o pedetista, “portanto da minha participação, na aliança do Eunício. Eu não aceito o apoio dele porque ele é corrupto. E você foi pra lá e acertou-se com ele despudoradamente”.

Na réplica, Haddad justificou-se: “Eu fiz uma visita ao presidente do Congresso Nacional. Tomei um café”.

Na verdade, a visita de Haddad a Eunício durante passagem por Fortaleza em agosto não se tratou apenas de um cafezinho descompromissado. Tampouco o veto de Ciro ao emedebista dentro do PDT valeu para muita coisa.

Em 31/8 passado, quando esteve na capital cearense para ato de campanha, o ainda vice na chapa de Lula deixou-se fotografar com Eunício com um adesivo do candidato colado no peito.

Ambos sorridentes, trocando um aperto de mãos, numa atividade fora da agenda oficial. Se isso não é uma declaração de apoio, então não sei o que é.

Além de Haddad, Eunício conta também com pelo menos dois dos irmãos Ferreira Gomes: Cid, candidato ao Senado, e Ivo, prefeito de Sobral.

De modo que, nessa peleja retórica entre os presidenciáveis sobre quem apoia Eunício Oliveira, os dois têm razão.

Ciro pode alegar que foi contra a decisão de tê-lo oficialmente coligado ao PDT no Ceará.

A sua composição partidária, porém, andou em direção contrária, e, mesmo sem aliança formal, o senador caminha a passos largos para a reeleição, com uma ajuda preciosa do grupo capitaneado por Ciro.

Haddad sabe, por outro lado, que o maior cabo eleitoral do emedebista hoje é Camilo, cuja recondução ao Governo do Ceará é apoiada pelo PDT de Ciro, Cid e Ivo.

Assista ao momento em que Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) discutem sobre apoio a Eunício durante debate na Record: 

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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