Por Érico Firmo

Se Camilo Santana (PT) for reeleito da forma como indicam as pesquisas, iniciará seu segundo ciclo de forma bem diferente da que iniciou o primeiro mandato. Se Camilo não for reeleito hoje, se ao menos houver segundo turno, o Ibope terá um erro capaz de fazer esquecer a eleição de Maria Luiza Fontenele. Diante do tamanho que seria a reviravolta e o erro estatístico, restrinjo a análise à primeira hipótese.

Caso se confirme a votação recorde de Camilo, ele parte para o segundo governo em situação bem diferente da que vinha no primeiro. Naquela disputada eleição contra Eunício Oliveira (MDB), ele ficou atrás nas pesquisas durante todo o primeiro turno, mas acabou indo na liderança para o segundo turno.

Naquela época, Camilo era o que se convenciona chamar de “poste”. Era um ungido de Cid Gomes (PDT). Começou lá atrás e foi subindo, pela força dos Ferreira Gomes. Quatro anos depois, ele conduziu articulação política, até a contragosto de Ciro Gomes (PDT). O líder do clã não engoliu a aliança com Eunício Oliveira (MDB), a ponto de declarar voto no candidato a senador do Psol.

Camilo virou governador por obra e graça dos Ferreira Gomes, mas deve se eleger pela força da própria base que construiu. E que hoje é bem maior que a herdada de Cid.

As pesquisas apontam para um governador muito mais forte no segundo mandato. A costura da aliança apresentou um Camilo conciliador, mas que também não aceita imposições.

Será interessante observar se ele vai querer apenas tocar seus projetos ou se irá querer ser determinante para as próximas eleições. Como irá se posicionar na eleição em Fortaleza em 2020, por exemplo? Irá aceitar o encaminhamento dos Ferreira Gomes?

E na própria sucessão, em 2022 a se confirmar o resultado de hoje nas urnas, como irá se portar? Não vislumbro um governador, forte como ele sai, que não queira ter palavra final na escolha do sucessor.

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