Mecanismos de checagem oficiais falharam. TSE não se reuniu para combater onda de notícias falsas durante a campanha (Foto: Agência Brasil)

As fake news já fizeram história nestas eleições. Se há um vitorioso na disputa, e não apenas na presidencial, é a mentira disseminada por meio das redes sociais.

Todos os mecanismos de combate às notícias falsas ou falharam ou se revelaram insuficientes diante do volume e da velocidade de reprodução dessas mensagens nos aplicativos de conversas instantâneas.

A começar pela força-tarefa montada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cuja mobilização fracassou – o grupo não se reuniu sequer uma vez ao longo da campanha.

Aquilo que teve início como grande preocupação sob a presidência de Luiz Fux no TSE acabou se mostrando uma nota de rodapé no curso da disputa.

E aqui chegamos aos outros dois elos dessa cadeia de fiscalização da notícia fraudulenta: os jornais e as empresas responsáveis pela administração dos aplicativos.

Os filtros de checagem de fake news instituídos pelos veículos tradicionais de comunicação cumpriram missão fundamental, mas eles captam apenas a superfície do problema.

O grosso das mentiras se replica numa frequência mais baixa, longe do radar das agências de fact-checking.

Por sua vez, as empresas detentoras da propriedade dos aplicativos, como o WhatsApp, admitiram desde o começo a impossibilidade de fiscalizar o conteúdo das mensagens trocadas nas redes.

É nesse vácuo que as notícias falsas se espalharam, chegando ao dia da votação numa quantidade vertiginosa de difícil contenção.

Se elas serão capazes de alterar o resultado da eleição, é cedo para dizer ainda. Tampouco é possível agora determinar o papel que as fake news tiveram em 2018.

Mas uma coisa é certa: a presença das notícias falsas já alterou significativamente a geografia eleitoral brasileira desde a redemocratização.

O desafio posto ao final desta eleição será o de elaborar ferramentas tão dinâmicas quanto as fake news, a fim de desbarar esse fluxo nocivo à democracia.

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Henrique Araújo

Jornalista do Núcleo de Política do O POVO

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