O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que não mudará a forma como tem conduzido as articulações políticas de seu governo. A declaração aconteceu nessa terça-feira, 26, em encontro com empresários em Brasília. Na ocasião, ele teria ironizado os ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

(Foto: Marcos Corrêa/PR)

“Não vou jogar dominó com Lula e Temer no xadrez”, teria dito Bolsonaro, de acordo com a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. O presidente estaria se referindo às negociações com o Legislativo nos “moldes tradicionais”, informou a jornalista.

Nos últimos dias, a Câmara dos Deputados tem travado disputas acirradas em torno de projetos apresentados pelo governo Bolsonaro. A principal delas se refere à proposta de reforma da Previdência.

Bolsonaro diz acreditar que a forma como tem atuado em relação ao Legislativo o livrará de possíveis situações parecidas com as quais estão passando Temer e Lula.

O emedebista foi preso preventivamente pela operação Lava Jato na última quinta-feira, 21. Apontado como suposto líder de organização criminosa atuante há 40 anos, Temer é acusado de solicitar, pagar e desviar R$ 1,8 bilhão em propinas. Quatro dias depois, no entanto, ele foi solto.

Já o petista está preso desde abril de 2018, condenado a 12 anos e 1 mês pelo caso do triplex do Guarujá, em São Paulo. Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em decisão deferida pelo então juiz federal e hoje ministro, Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública).

Para Bolsonaro, a forma como os ex-presidentes lidavam com negociações políticas teriam sido “pouco republicanas”. Em “pé de guerra” com deputados federais, o militar diz que não seguirá os mesmos passos de seus precursores.

Atualmente, ele tenta emplacar a proposta de reformar a Previdência Social, mas tem esbarrado justamente nas negociações com o legislativo. Até dias atrás, Bolsonaro tinha no presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o principal articulador entre os deputados. Após polêmicas envolvendo o ministro Moro e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC), Maia chegou a trocar farpas com o Governo.

Uma das mais polêmicas aconteceu na última sexta-feira, 22. Em entrevista para o Jornal Nacional, da Rede Globo, Maia disparou contra Bolsonaro: “Precisa ter mais tempo para cuidar da Previdência e menos para o Twitter“. Intensificando a crise, na tarde dessa terça-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou reunião com deputados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para explicar pontos da proposta de reforma da Previdência.

A ausência do “posto Ipiranga” causou burburinho na Casa, tanto é que, como forma de afrontar o Governo Federal, parlamentares especulam “ressuscitar” a proposta de reforma da Previdência do Governo Temer.

Wanderson Trindade