Diante da crise no Ministério da Educação, que vive uma disputa entre olavistas e militares, Jair Bolsonaro tinha dois caminhos: indicar um nome que superasse a cisão entre setores ideológicos e técnicos. Ou pender para um dos lados da contenda.
Deu a segunda opção. Abraham Weintraub, o escolhido para substituir o atrapalhado Ricardo Vélez na pasta, é uma espécie de ponta de lança do olavismo.
Sob as bênçãos do ideólogo, o economista tem como principal objetivo o combate ao marxismo cultural no ambiente universitário.
A escolha de Bolsonaro terá consequências. A principal delas é impossível de medir agora: como reagirá a ala militar, que avançava em postos de comando no ministério depois de conseguir domar o então chefe do MEC?
Das duas, uma: ou entregam os cargos e se divorciam do presidente, para usar uma metáfora que caiu no gosto do pesselista. Ou dobram a aposta e partem para o enfrentamento com Weintraub.
Ambas as possibilidades são terríveis para o Governo e o País. Primeiro porque asseguram que a crise no ministério não deve passar com a mudança na titularidade. Segundo porque os militares constituem, como já cansaram de dar provas, um farelo de sensatez num governo marcado por trapalhadas e batidas de cabeça.
Agora, porém, é diferente. Não se pode dizer que Bolsonaro tenha agido às cegas ao escolher Weintraub. É exatamente o gesto deliberado que pode indispor os militares com o presidente, afetando não apenas o funcionamento do MEC, mas o de outras áreas do Planalto.
A crise, dessa forma, não tende a se atenuar, mas a se aprofundar. Basta ler a carta de intenções do novo ministro, contida em suas declarações e participações em eventos públicos.
Weintraub representa mais Olavo de Carvalho no governo e não menos. Noutras palavras: é mais ideologia e menos técnica.
O que pensam os militares sobre o fortalecimento do núcleo olavista no MEC? É o que saberemos em breve.
Veja palestra de Abraham Weintraub sobre marxismo e economia: